sábado, 23 de dezembro de 2017

TOP 10 Vinhos depois de degustar 3000 exemplares



A alguns meses atrás, quando atingi a marca de 1.000 vinhos degustados, escrevi sobre os 10 mais interessantes desta jornada.
Explico como eu sei quantos vinhos degustei e qual o critério que utilizei para a seleção.
Caso tenha curiosidade só busca-lo no Blog.
Christian Sepulveda, um dos
enólogos da Guaspari  e Eu
Hoje, volto ao tema, visto que atingi a marca de 3000 vinhos degustados e repassando a lista achei que tinha conteúdo e peculiaridade que poderiam ajudar a outras pessoas na busca de experiências novas neste mundo enológico infinito.
Importante observar que apesar de parecer muito, 3000 vinhos, ouvi a coluna do Jorge Lucki na Radio CBN que esta fazendo uma retrospectiva dos vinhos de 2017 onde mencionou que em apenas um encontro chegou a degustar 700 vinhos chilenos e que só em 2017 deve ter degustado na ordem de 6 a 8 mil amostras. Ou seja, minha marca é claramente de um iniciante dedicado apenas.
Outro fato curioso é que existem diversos tipos de avaliadores, totalmente relacionados com o conhecimento que possuem e/ou com o tipo de acesso que tem aos produtos e fornecedores ( Importadoras e Vinícolas ), já que , como já percebeu, a variedade é praticamente infinita e a gama de preço muito elástica, indo de 30 reais até vinhos que custam o preço de um carro popular.
Aproveitando o exemplo, é o mesmo que escolher o melhor carro do mundo, tendo uma Ferrari, uma SUV ou um Jeep no cardápio.
Missão impossível se não definir critérios claros.
Mas voltando aos avaliadores, existem especialistas que gravitam no mundo das raridades.
Para estes, é normal degustar grandes Borgonhas de 30 anos atrás e decidir se a safra 2004 era tão boa quanto a de 1986.
Comparar Brunellos de 20 com os de 30 anos e assim, nos apresentar um mundo fantástico mas inacessível para a grande maioria dos enófilos. Sorte deles ! Mas para nós, pobres mortais, esta informação tem pouca utilidade prática, tal qual saber que a Ferrari GTC4Lusso está chegando no Brasil por módicos 4 milhões de reais.
Outros navegam exatamente no lado oposto, se divertem em testar vinhos muito simples e tentam extrair qualidades superiores, descobrindo joias raras para seus seguidores.
Não sei qual deles tem a tarefa mais difícil.
Sei, e voce também sabe,  qual é o mais barato, mas descobrir qualidades em vinhos simples pode levar ao exagero ou a ilusão.
Não é raro ver descrições de 6 a 8 aromas de vinhos simples que são varietais ( uma uva principal, sem a complexidade de misturar diversas uvas ), nem passaram por barrica, que como sabe adiciona aromas específicos e pior ainda, são de safras bem recentes ( como devem ser os vinhos simples ), o que significa que não tiveram ( mesmo que conseguissem ), tempo de desenvolver os famosos aromas terciários, que aparece depois de alguns anos envelhecido na garrafa.
E finalmente os avaliadores banda larga que se arriscam a comentar tudo que experimentam, mesmo castigando os vinhos mais simples ou não tendo profundidade para comentar os mais complexos.
Conclusão, missão difícil que seguramente deve ser deixada para grandes especialistas e obviamente a minha proposta é outra, usar meu conhecimento ( limitado ) para indicar surpresas que encontro pelo caminho e que julgo merecer a atenção de qualquer enófilo.
É este espírito que voce vai encontrar na lista abaixo, dividir com vocês minhas sensações e quem sabe te indicar um exemplar, caro ou não que também vá te surpreender.
Tem um detalhe diferente do primeiro post, em caso de empate, que foi recorrente, procurei priorizar um estilo diferente de vinhos, assim, vão encontrar Espumante, Vinho Branco, Tinto e dois sensacionais vinhos de sobremesa.

Bem, chega de falar e vamos trabalhar !

Lembrando que não tive a preocupação de colocar em ordem do 1º ao 10º , já bastou ter que escolher 10 de 3000 opções.

Quais foram as minhas escolhas ? Ai estão :

1)  Ludwig Wagner & Sohn, TBA ( TrockenBeerenAuslese ), Ortegam, 2009, Pfalz Alemanha – Preciso confessar que nos últimos meses me aprofundei bastante em aprender sobre os divinos vinhos de sobremesa, então, na verdade, existe um viés para estes vinhos neste lote de 3000 amostras. Mas isso não distorce a seleção visto que me limitei a apenas 2 escolhidos. Este é apenas um dos representantes da classe mais nobre dos vinhos alemães, existem muitas outas opções, incluindo 3 dos 10 vinhos mais caros do mundo. Não temos tempo para detalhar as técnicas de produção dos vinhos doces, por enquanto, saiba que TBA, numa tradução livre, significa Seleção de Bagos Secos, ou seja, colhidos depois que o bago perde boa parte da agua do seu interior, concentrando os açucares. Apesar de caro, os TBAs merecem ser conhecidos em algum momento assim como os primos franceses de Sauternes. Weinkeller,  Açucar Residual  222 gr/litro, R$ 350,00  ( 375 ml ).

       2)  Cobos  Marchiori Vineyard, 2014, Malbec, Mendoza, Argentina – Este é um dos poucos vinhos caros listados aqui, mas te adianto que vale cada centavo. Com a assinatura de Paul Robbs, a Vinícola Cobos é uma das visitas imperdíveis quando for a Mendoza. Toda sua linha merece destaque, do Felino, passando pelo Bramare e chegando no  Cobos. Feito com extremo cuidado, vinhas velhas de 80 anos de parcelas exclusivas do vinhedo Marchiori, é um vinho diferenciado que revela claramente até onde a uva Malbec pode chegar na Argentina. Gran Cru, R$ 1500,00.
   
      3)  Entity, John Duval, 2007, Syrah, Barossa Valley, Australia – Este talvez seja uma unanimidade de escolha, visto que tudo nele é especial. Começando pelo pais, que foi o responsável em colocar a Uva Shiraz ( para os Australianos e Syrah para os franceses ) como protagonista no mundo do vinho, caminhando pelo terroir de Barossa Valley, excepcional para esta cepa, pelo produtor, John Duval, um ícone da Austrália, e finalizando com o vinho que como o próprio nome indica, revela a identidade desta uva no Novo Mundo, resultando num vinho exclusivo que precisa ser degustado por quem quer se especializar tanto na uva quanto no pais. Cantu, R$ 950,00

4)  Merlot, Josko Graviner, 1999, Friulli , ItaliaSoube que este vinho estaria nesta lista no momento que o experimentei, contudo não se entusiasme muito, pois é uma pegadinha. Josko Gravner é considerado o pai dos vinhos laranjas ( apesar de ele detestar este nome ) e tem uma historia muito peculiar. Depois de estar entre os principais produtores da Italia e do Mundo, resolveu recomeçar, estudando a origem dos vinhos ( na Georgia em 1997 ) e lançou vinhos produzidos com ânforas de terracotas que ficam enterradas no solo como faziam na origem, o que faz até hoje, deixando para trás as uvas tradicionais para se dedicar a e converteu seus vinhos premiados para uvas autóctones do Friulli, a branca Ribolla e a tinta Pignolo. E aí está a pegadinha, este Merlot, maravilhoso, deixou de ser produzido. Ele trouxe na mala alguns exemplares, numa das suas viagens ao Brasil, para morrermos de vontade e saudade. Outros rótulos do Josko voce pode encontrar na Decanter.

       5)  Giulio Ferrari Riserva del Fondatore 2004 Chardonnay, Trentino, Italia Como sabe, a Itália tem uma incrível variedade de uvas autóctones, de estilos de 
       vinho e também de espumantes, como o Franciacorta, Prosecco, Asti, ...  E, tem a vinícola Ferrari ! 
       Que produz em Trentino, uma linha completa de espumantes de altíssima qualidade. E atinge seu ápice no Riserva del Fondatore, produzido integralmente com uva Chardonnay, pelo método tradicional, estagiando 9 anos na garrafa antes de ir para o mercado. Precisa ser explorado. Decanter,  R$ 830,00.

6)  Villa Oliveira, Casa da Passarella, Encruzado, 2011, Dão, Portugal – É o representante dos vinhos brancos no grupo. Daqueles para você oferecer aos enófilos que afirmam só gostar de vinho tinto e de preferencia escoltado por uma prato de Bacalhau. Duvido que ele não mude de opinião ou, se não sabe perder, vai  começar a chamar a Encruzado de Uva tinta. Vinho especial, com personalidade própria, difícil de comparar qualquer outro vinho. 100 % vinhas velhas da Encruzado, plantadas a 800 metros de altitude, fermenta com a casca por 15 dias e finaliza em grandes barris de 600 litros onde fica estagiando por 1 ano. Premium, R$ 560,00.

      7)  Quarts de Chaume, Domaine de Baumard, Chenin Blanc , 2008, Vale do Loire, França – É o outro representante da família dos vinhos de sobremesa, produzido pela tradicional família Baumard que cultiva uvas em Anjou, no Vale do Loire desde 1634. Utiliza a Chenin Blanc para produzir um vinho rico, doce e repleto de acidez o que o torna um dos vinhos doces mais procurados do mundo. Para quem quer conhecer os principais vinhos de sobremesa do mundo, precisa experimenta-lo. Mistral, R$ 560,00

       8)  Falernia Reserva, 2014, Carmenere, Vale do Elqui, Chile – O segundo representante da américa do sul, produzido no norte do Chile, no Vale do Elqui, longe das regiões tradicionais, que se aglomeram em um perímetro de 150 kms ao redor de Santiago. Terroir exclusivo, com um processo especial de produção, baseado no passivamento, famoso nos Reciotos e Amarones italianos. Mas não se engane é um vinho do novo mundo, com potencia, untuosidade e maciez na boca, frutado e te dá uma sensação de doçura na boca, bem ao gosto da grande parte dos brasileiros. Ótimo custo x beneficio. Premium, R$ 130,00

9)  Gran Tannat, Toscanini , 2013, Canelones, Uruguai – Me chamou a atenção quando foi escolhido por unanimidade num painel recheado de ícones uruguaios e entrou para a lista quando repetiu o feito um ano depois com outro grupo de degustadores. Assim como o Falernia, outro excelente custo x beneficio, perfeito para conhecer a extensão da uva Tannat no Uruguai. R$ 200,00


10) Vista do Chá, Vinícola Guaspari, 2011, Espirito Santo do Pinhal, Brasil – Sim, deixei para fechar o painel com um vinho brasileiro e sim novamente, Espirito Santo do Pinhal fica no Estado de São Paulo e pela 3ª vez, sim, tenho certeza da minha escolha, não estou ficando louco. Graças a uma técnica desenvolvida para Epamig, na região de 3 Corações no sul de Minas, denominada Dupla poda ou poda invertida ou poda de inverno ( Isso mesmo, a velha técnica de consultoria de colocar nomes novos para descobertas antigas e fazer sucesso ), esta sendo possível produzir vinhos de alta qualidade ( bem ) fora dos paralelos 30 e 50 graus  tão apregoado pela literatura vitivinícola. Com a uva Syrah como carro chefe, a cada ano surgem surpresas nas regiões do sul de Minas Gerais e interior de São Paulo, lançando vinhos que estão ganhando reconhecimento e preços proibitivos também. Vale a pena conhecer. R$ 180,00 ( Esgotado no momento ).  

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