sábado, 23 de dezembro de 2017

TOP 10 Vinhos depois de degustar 3000 exemplares



A alguns meses atrás, quando atingi a marca de 1.000 vinhos degustados, escrevi sobre os 10 mais interessantes desta jornada.
Explico como eu sei quantos vinhos degustei e qual o critério que utilizei para a seleção.
Caso tenha curiosidade só busca-lo no Blog.
Christian Sepulveda, um dos
enólogos da Guaspari  e Eu
Hoje, volto ao tema, visto que atingi a marca de 3000 vinhos degustados e repassando a lista achei que tinha conteúdo e peculiaridade que poderiam ajudar a outras pessoas na busca de experiências novas neste mundo enológico infinito.
Importante observar que apesar de parecer muito, 3000 vinhos, ouvi a coluna do Jorge Lucki na Radio CBN que esta fazendo uma retrospectiva dos vinhos de 2017 onde mencionou que em apenas um encontro chegou a degustar 700 vinhos chilenos e que só em 2017 deve ter degustado na ordem de 6 a 8 mil amostras. Ou seja, minha marca é claramente de um iniciante dedicado apenas.
Outro fato curioso é que existem diversos tipos de avaliadores, totalmente relacionados com o conhecimento que possuem e/ou com o tipo de acesso que tem aos produtos e fornecedores ( Importadoras e Vinícolas ), já que , como já percebeu, a variedade é praticamente infinita e a gama de preço muito elástica, indo de 30 reais até vinhos que custam o preço de um carro popular.
Aproveitando o exemplo, é o mesmo que escolher o melhor carro do mundo, tendo uma Ferrari, uma SUV ou um Jeep no cardápio.
Missão impossível se não definir critérios claros.
Mas voltando aos avaliadores, existem especialistas que gravitam no mundo das raridades.
Para estes, é normal degustar grandes Borgonhas de 30 anos atrás e decidir se a safra 2004 era tão boa quanto a de 1986.
Comparar Brunellos de 20 com os de 30 anos e assim, nos apresentar um mundo fantástico mas inacessível para a grande maioria dos enófilos. Sorte deles ! Mas para nós, pobres mortais, esta informação tem pouca utilidade prática, tal qual saber que a Ferrari GTC4Lusso está chegando no Brasil por módicos 4 milhões de reais.
Outros navegam exatamente no lado oposto, se divertem em testar vinhos muito simples e tentam extrair qualidades superiores, descobrindo joias raras para seus seguidores.
Não sei qual deles tem a tarefa mais difícil.
Sei, e voce também sabe,  qual é o mais barato, mas descobrir qualidades em vinhos simples pode levar ao exagero ou a ilusão.
Não é raro ver descrições de 6 a 8 aromas de vinhos simples que são varietais ( uma uva principal, sem a complexidade de misturar diversas uvas ), nem passaram por barrica, que como sabe adiciona aromas específicos e pior ainda, são de safras bem recentes ( como devem ser os vinhos simples ), o que significa que não tiveram ( mesmo que conseguissem ), tempo de desenvolver os famosos aromas terciários, que aparece depois de alguns anos envelhecido na garrafa.
E finalmente os avaliadores banda larga que se arriscam a comentar tudo que experimentam, mesmo castigando os vinhos mais simples ou não tendo profundidade para comentar os mais complexos.
Conclusão, missão difícil que seguramente deve ser deixada para grandes especialistas e obviamente a minha proposta é outra, usar meu conhecimento ( limitado ) para indicar surpresas que encontro pelo caminho e que julgo merecer a atenção de qualquer enófilo.
É este espírito que voce vai encontrar na lista abaixo, dividir com vocês minhas sensações e quem sabe te indicar um exemplar, caro ou não que também vá te surpreender.
Tem um detalhe diferente do primeiro post, em caso de empate, que foi recorrente, procurei priorizar um estilo diferente de vinhos, assim, vão encontrar Espumante, Vinho Branco, Tinto e dois sensacionais vinhos de sobremesa.

Bem, chega de falar e vamos trabalhar !

Lembrando que não tive a preocupação de colocar em ordem do 1º ao 10º , já bastou ter que escolher 10 de 3000 opções.

Quais foram as minhas escolhas ? Ai estão :

1)  Ludwig Wagner & Sohn, TBA ( TrockenBeerenAuslese ), Ortegam, 2009, Pfalz Alemanha – Preciso confessar que nos últimos meses me aprofundei bastante em aprender sobre os divinos vinhos de sobremesa, então, na verdade, existe um viés para estes vinhos neste lote de 3000 amostras. Mas isso não distorce a seleção visto que me limitei a apenas 2 escolhidos. Este é apenas um dos representantes da classe mais nobre dos vinhos alemães, existem muitas outas opções, incluindo 3 dos 10 vinhos mais caros do mundo. Não temos tempo para detalhar as técnicas de produção dos vinhos doces, por enquanto, saiba que TBA, numa tradução livre, significa Seleção de Bagos Secos, ou seja, colhidos depois que o bago perde boa parte da agua do seu interior, concentrando os açucares. Apesar de caro, os TBAs merecem ser conhecidos em algum momento assim como os primos franceses de Sauternes. Weinkeller,  Açucar Residual  222 gr/litro, R$ 350,00  ( 375 ml ).

       2)  Cobos  Marchiori Vineyard, 2014, Malbec, Mendoza, Argentina – Este é um dos poucos vinhos caros listados aqui, mas te adianto que vale cada centavo. Com a assinatura de Paul Robbs, a Vinícola Cobos é uma das visitas imperdíveis quando for a Mendoza. Toda sua linha merece destaque, do Felino, passando pelo Bramare e chegando no  Cobos. Feito com extremo cuidado, vinhas velhas de 80 anos de parcelas exclusivas do vinhedo Marchiori, é um vinho diferenciado que revela claramente até onde a uva Malbec pode chegar na Argentina. Gran Cru, R$ 1500,00.
   
      3)  Entity, John Duval, 2007, Syrah, Barossa Valley, Australia – Este talvez seja uma unanimidade de escolha, visto que tudo nele é especial. Começando pelo pais, que foi o responsável em colocar a Uva Shiraz ( para os Australianos e Syrah para os franceses ) como protagonista no mundo do vinho, caminhando pelo terroir de Barossa Valley, excepcional para esta cepa, pelo produtor, John Duval, um ícone da Austrália, e finalizando com o vinho que como o próprio nome indica, revela a identidade desta uva no Novo Mundo, resultando num vinho exclusivo que precisa ser degustado por quem quer se especializar tanto na uva quanto no pais. Cantu, R$ 950,00

4)  Merlot, Josko Graviner, 1999, Friulli , ItaliaSoube que este vinho estaria nesta lista no momento que o experimentei, contudo não se entusiasme muito, pois é uma pegadinha. Josko Gravner é considerado o pai dos vinhos laranjas ( apesar de ele detestar este nome ) e tem uma historia muito peculiar. Depois de estar entre os principais produtores da Italia e do Mundo, resolveu recomeçar, estudando a origem dos vinhos ( na Georgia em 1997 ) e lançou vinhos produzidos com ânforas de terracotas que ficam enterradas no solo como faziam na origem, o que faz até hoje, deixando para trás as uvas tradicionais para se dedicar a e converteu seus vinhos premiados para uvas autóctones do Friulli, a branca Ribolla e a tinta Pignolo. E aí está a pegadinha, este Merlot, maravilhoso, deixou de ser produzido. Ele trouxe na mala alguns exemplares, numa das suas viagens ao Brasil, para morrermos de vontade e saudade. Outros rótulos do Josko voce pode encontrar na Decanter.

       5)  Giulio Ferrari Riserva del Fondatore 2004 Chardonnay, Trentino, Italia Como sabe, a Itália tem uma incrível variedade de uvas autóctones, de estilos de 
       vinho e também de espumantes, como o Franciacorta, Prosecco, Asti, ...  E, tem a vinícola Ferrari ! 
       Que produz em Trentino, uma linha completa de espumantes de altíssima qualidade. E atinge seu ápice no Riserva del Fondatore, produzido integralmente com uva Chardonnay, pelo método tradicional, estagiando 9 anos na garrafa antes de ir para o mercado. Precisa ser explorado. Decanter,  R$ 830,00.

6)  Villa Oliveira, Casa da Passarella, Encruzado, 2011, Dão, Portugal – É o representante dos vinhos brancos no grupo. Daqueles para você oferecer aos enófilos que afirmam só gostar de vinho tinto e de preferencia escoltado por uma prato de Bacalhau. Duvido que ele não mude de opinião ou, se não sabe perder, vai  começar a chamar a Encruzado de Uva tinta. Vinho especial, com personalidade própria, difícil de comparar qualquer outro vinho. 100 % vinhas velhas da Encruzado, plantadas a 800 metros de altitude, fermenta com a casca por 15 dias e finaliza em grandes barris de 600 litros onde fica estagiando por 1 ano. Premium, R$ 560,00.

      7)  Quarts de Chaume, Domaine de Baumard, Chenin Blanc , 2008, Vale do Loire, França – É o outro representante da família dos vinhos de sobremesa, produzido pela tradicional família Baumard que cultiva uvas em Anjou, no Vale do Loire desde 1634. Utiliza a Chenin Blanc para produzir um vinho rico, doce e repleto de acidez o que o torna um dos vinhos doces mais procurados do mundo. Para quem quer conhecer os principais vinhos de sobremesa do mundo, precisa experimenta-lo. Mistral, R$ 560,00

       8)  Falernia Reserva, 2014, Carmenere, Vale do Elqui, Chile – O segundo representante da américa do sul, produzido no norte do Chile, no Vale do Elqui, longe das regiões tradicionais, que se aglomeram em um perímetro de 150 kms ao redor de Santiago. Terroir exclusivo, com um processo especial de produção, baseado no passivamento, famoso nos Reciotos e Amarones italianos. Mas não se engane é um vinho do novo mundo, com potencia, untuosidade e maciez na boca, frutado e te dá uma sensação de doçura na boca, bem ao gosto da grande parte dos brasileiros. Ótimo custo x beneficio. Premium, R$ 130,00

9)  Gran Tannat, Toscanini , 2013, Canelones, Uruguai – Me chamou a atenção quando foi escolhido por unanimidade num painel recheado de ícones uruguaios e entrou para a lista quando repetiu o feito um ano depois com outro grupo de degustadores. Assim como o Falernia, outro excelente custo x beneficio, perfeito para conhecer a extensão da uva Tannat no Uruguai. R$ 200,00


10) Vista do Chá, Vinícola Guaspari, 2011, Espirito Santo do Pinhal, Brasil – Sim, deixei para fechar o painel com um vinho brasileiro e sim novamente, Espirito Santo do Pinhal fica no Estado de São Paulo e pela 3ª vez, sim, tenho certeza da minha escolha, não estou ficando louco. Graças a uma técnica desenvolvida para Epamig, na região de 3 Corações no sul de Minas, denominada Dupla poda ou poda invertida ou poda de inverno ( Isso mesmo, a velha técnica de consultoria de colocar nomes novos para descobertas antigas e fazer sucesso ), esta sendo possível produzir vinhos de alta qualidade ( bem ) fora dos paralelos 30 e 50 graus  tão apregoado pela literatura vitivinícola. Com a uva Syrah como carro chefe, a cada ano surgem surpresas nas regiões do sul de Minas Gerais e interior de São Paulo, lançando vinhos que estão ganhando reconhecimento e preços proibitivos também. Vale a pena conhecer. R$ 180,00 ( Esgotado no momento ).  

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Marselha e Suiça ( Leste da França parte VII )



Estamos chegando no objetivo final da viagem, nos estabelecemos em Avignon e de lá fomos visitar Provença, tão conhecida e reconhecida pela sua exclusiva lavanda, assim como Marselha, por onde a França surgiu, com os gregos aportando na sua baia.
Mas antes de prosseguir, gostaria de mencionar a excelente matéria de Paulo Mancha D´Amaro, publicada na Revista Viajar pelo Mundo, que é leitura obrigatória, para quem vai explorar esta região específica do Sul da França, incluindo Avignon, Provença, Marselha e os Parques de Luberon.
Aproveitamos muitas das dicas mencionadas nesta matéria.
Ao redor de Provença, conheça o parque de Luberon, que engloba as cidades de Lagnes, Fontaine-de-Vaucluse, Gordes, Loumarin e Mane, visite o Museu da Lavanda e aprenda muito sobre o cultivo delas, que só se desenvolvem nesta região e a partir de 800 metros de altitude.
Praticamente tudo que encontramos fora da Provença, chama-se Lavandinnão é a Lavanda original.
Fisicamente a Lavanda original só produz uma haste e o Lavandin, três e quanto aos aromas são bem diferentes.
Ainda, caso queira matar a saudade dos Outlets americanos, tem um, novíssimo, muito grande, nesta região,  na cidade de Miramas, você vai encontrar todas as marcas famosas.
Em Provence, siga a formula já conhecida, percorra o centro a pé, partindo da Fontaine de la Rotonde, muitas atrações e forte comercio.
Destaque para os doces de Nogaut e Cassinon, típicos da região e as lembranças de Paul Cezzane e Pablo Picasso pela cidade.
Não deixe de tomar um café no Le Doux Garçons, ponto de encontro de dezenas de celebridades, incluindo Churchil e os astros acima.
La você vai poder experimentar o melhor café do mundo, o Jamaicano Blue Mountain.
De lá, com mais 30 kms você chega a Marselha, cidade típica de praia, muita descontração e muitos barcos ancorados na Baia.
Mesma formula, caminhar por suas ruas e aproveitar a arquitetura e o clima de verão mesmo que seja Outono.
E chegamos ao ponto de retorno, fim de festa, hora de voltar !
No nosso caso, a partir de Avignon, com destino ao Aeroporto de Frankfurt, no dia seguinte a noite, com parada em Estrasburgo.
São 6 horas e meia até Estrasbrugo, ou meia hora a mais se optarem, por subir pelo leste da Suiça como fizemos, passando pelas cidades de Chambéry e Annecy  ainda na França e Genebra, Lausanne, Berna e Basileia na Suiça até chegar de volta a Estrasburgo.
Se delicie com a paisagem, marcada por paredões de pedra que surgem de repente, variações de altitude a todo o momento e dezenas de tuneis que os suíços construíram para tornar o caminho reto e possível.
E se tudo correr bem, no meio do caminho você ganha de brinde uma extasiante vista dos Alpes, de surpresa.
Vale para sentir o clima da Suíça e ver suas plantações de uvas entre Genebra e Lausanne !
Sim ! a Suíça produz vinho, maioria brancos da uva Chasselas, só que, felizmente para eles, infelizmente para nós, bebem tudo e não deixam nada para exportação.
Atenção para a entrada na fronteira, tranquila, mas você precisa pagar uma taxa de 40 euros, equivalente ao custo dos pedágios, que não existem na Suiça.
A moeda não é o Euro, mas ele é bem aceito em todos os lugares.
A moeda local é o Franco e um Euro valia 0,93 Francos no período da viagem.
Enfim , entrar pela Suiça é o gran finale, vale cada km rodado.
Em Estrasburgo, a dica é jantar em um dos seus vários restaurantes e aproveitar a culinária local mais uma vez e se tiver tempo, caminhar pela cidade sem pressa até chegar a hora de partir para o Aeroporto e voltar para casa. 

Saúde ! 



domingo, 10 de dezembro de 2017

Lyon e Avignon ( Leste da França Parte VII )Lyon

Vieux Lyon
 Buscando o objetivo de chegar a Marselha, sem viajar grandes trechos de estrada, Lyon acaba se tornando uma opção quase obrigatória de hospedagem.
Se hospedar em Beaune ou Dijon ira aumentar muito o trecho para chegar ao extremo sul em Avignon, Provence e Marselha.
Mas esta parada não causa nenhum inconveniente, visto que a cidade merece muito ser vista.
Castelo do Papado em Avignon
Foi mais uma das cidades fundadas pelos Romanos, em 43 a.C. e se fortaleceu com o comercio da seda, especialmente para a Itália durante o Renascimento.
No seu centro, recebe os rios Saône e Rhone, formando uma incrível combinação de cenário bem no centro antigo da cidade.
Tem diversas atrações : a Catedral de Notre Dame é a mais imponente, contudo apresenta praças, monumentos, edifícios pomposos por toda a cidade.
A principal região a ser visitada é a Vieux Lyon, com sua catedral de St Jean e é mais uma cidade que pode ser visitada a pé.
Tem zonas fortes de comercio, tanto na região entre os dois rios quanto ao redor do Hotel Sheraton, um enorme edifício redondo, que pode ser visto de quase toda a cidade.
Centro de Chateauneuf du Pape
A partir de Lyon você pode tanto retornar para visitar em mais detalhes a Cote Chalonnaise, Maconnais e Beaujonais como ir em frente, rumo sul e visitar a Cotê du Rhone.
Foi o que fizemos, tal qual a Alsacia e Borgonha, tem diversas vilas a serem visitadas indo agora na direção de Avignon, nossa próxima parada. É outro trecho de 230 kms, recheado de regiões vinícolas.
No Rhone Norte, se concentre em Cote-Rotie e Hermitage onde reinam a tinta Syrah, em Condrieu com seus vinhos brancos de Viognier e chegando mais perto de Avignon, busque Gigondas e Vacqueyras, onde a tinta Grenache se transforma na estrela principal.
Escolhemos Avignon por duas razões fortes, ambas totalmente dentro do objetivo da viagem.
Os famosos Chateauneuf du Pape
A primeira é que falamos de mais uma cidade medieval banhada pelo Rhone, que merece ser visitada, toda murada e sede do Papado entre 1309 e 1377.
A sede papal é impressionante e pode ser visitada em detalhes, além disso muitas outras atrações para serem exploradas caminhando, nas proximidades.
A segunda é que a 20 kms do centro se encontra a pequena cidade de Chateauneuf du Pape, que abrigava a residência de verão de João XXII , bispo de Avignon que se tornou papa e o reformou em 1316 se tornando seu novo castelo, como o nome indica.
Junto com a reforma do Castelo, João XXII trouxe enólogos da França e começou a plantar uvas para produção de vinho que ganharam grande qualidade com o tempo e umj vinho de uma característica única por ser uma mistura de até 13 uvas entre tintas e brancas, corte que não é repetido em nenhum outro lugar do mundo.
O solo também é único com muita pedra, daquelas que encontramos nos rios, arredondadas.
Cotie Rotie no Norte da Cote du Rhone
Hoje são vinhos reconhecidos mundialmente, inclusive os Clos des Papes, produzido na propriedade original.
O corte, atualmente, na maioria dos fabricantes, é produzido com no máximo quatro uvas, todas tintas ou até mesmo com 100 % da uva Grenache. Apenas fabricantes tradicionais, entre eles o respeitadíssimo Chateau de Beaucastel, se orgulham em divulgar que ainda trabalham com as 13 uvas autorizadas.
Enfim, dois lugares que não podem ser desprezados na sua viagem.

 Num roteiro que não tem o vinho como foco, o mais comum é usar a cidade de Aux-em-Provence como base para visitar tanto Avignon/Chateauneuf du pape quanto Marselha.
Mas este é o tema do nosso próximo post.

Continua ...

Vinhedos de encosta na Cote Rotie



segunda-feira, 20 de novembro de 2017

A Borgonha, o berço dos vinhos mais caros do mundo ( O Leste da França, de Norte a Sul - Parte VI )



Se a Alsacia é especial, a Borgonha é o sonho de consumo de todo enófilo !
Por uma série de razões, os vinhos produzidos na região se tornaram os mais caros do mundo.
Dos 10 vinhos mais caros, publicados anualmente pela Wine Search, 7 são da Borgonha ( e os outros 3 são TBAs – entenda como vinhos nobres de sobremesa, Alemães ), é disso que vamos falar neste post.
Da mesma forma que a Alsacia vai de Estrasburgo a Mulhouse, com Colmar ao centro, a Borgonha, vai de Dijon a Lyon com a cidade de Beaune ( se diz Boone em francês ) no mesmo formato de linguiça, tipo Chile, comprida e estreita.
Saindo de Colmar são 260 kms de auto estrada francesa que é sinônimo de 130 kms por hora o tempo todo.
Aproveito a deixa para comentar que diferente das autoestradas alemãs, as francesas tem limite de velocidade.
É 110 km/hora nas normais e nas pedagiadas o limite é 130 km/hr.
É uma relação direta, você começou a pagar o pedágio, o limite ( e a segurança ) aumenta.
Tem basicamente dois tipos de pedágio, aqueles com preço pré-definido e aqueles com 2 fases, na primeira você não paga nada, só para para pegar um ticket e no seguinte, normalmente no momento que você vai sair da auto estrada, você insere o ticket, descobre o valor e paga.
Como saber quando é um e quando é outro ?
Mais ou menos 1 km antes do pedágio aparecer, você verá placas indicativas com o valor em Euro do pedágio quando for do tipo 1 e nos do tipo 2, um T ( de Ticket ) estilizado, informando que não precisara de dinheiro naquele posto ( veja foto ).
Mas tem um desafio adicional, além de tipos diferentes de pedágio, existem tipos diferentes de guichês !
São 3, os que tem um símbolo de notas de dinheiro e moeda, nestes você paga somente com dinheiro, outro com o símbolo de um cartão de crédito, então já sabe para que serve e o ultimo, não indica nada, é o guichê tipo sem parar, para quem tem o aparelho de via rápida instalado e operante no carro.
Voltando para a Borgonha, este trecho de Dijon a Lyon é chamado de Cote D´Or, costa do sol ( mas quem discorde desta interpretação )  que está dividida em duas partes : Cote de Nuits no Norte e Cote de Beaune ao Sul, e é a cidade de Beaune que faz a divisão.
Nuits é muito mais especializada em vinhos tintos, quase a totalidade de Pinot Noir, mas também tem vinhos brancos ( Chardonnay ) e Beaune é o oposto, majoritariamente brancos de Chardonnay e alguns tintos também de Pinot Noir.
Assim, você tem mais uma decisão a tomar, pode se hospedar em Dijon, uma cidade grande e que também tem seus grandes atrativos, mas não falaremos disso neste post e fica bem próximo dos vinhedos da Cote de Nuits ou se hospedar em Beaune que como Colmar, fica no meio dos vinhedos, uma cidade menor, mas muito atraente ou ainda optar por atravessar a Borgonha e se estabelecer em Lyon, outra grande cidade que merece ser visitada.
Já sei , você já deve estar reclamando que eu esqueci da possibilidade de ficar nas pequenas cidades dos vinhedos ou até mesmo nas propriedades. Pode mesmo, e não deixa de ser uma ótima opção romântica, mas lembrem-se as cidades e propriedades são basicamente agrícolas, sem muito comercio ou mesmo restaurantes e com horários bem limitados de atendimento.
No nosso caso, fizemos um misto, optamos por sair cedo de Colmar, não visitar Dijon, gastar o dia na Cote de Nuits e se hospedar bem próximo de Beaune por uma noite e depois mais 3 noites em Lyon, voltando para conhecer melhor a Cote de Beaune.
Voce decide.
Poderia agora listar toda a sequencia dos vilarejos da Borgonha ( são mais de 15 ), que todo Sommelier sabe decor, mas da mesma forma que na Alsacia, para 98 % das pessoas normais esta lista não serviria para nada.
Vamos ao que realmente importa, que é : saber que a primeira vila da Borgonha é Gevrey-Charbertin, é para lá que você deve apontar seu GPS no inicio da visita.
E seguramente, não é apenas a primeira mas também uma das mais importantes, não deixe de visitar.
Mesmo esquema da Alsacia, nas vilas, você vai encontrar escritórios das vinícolas e poder degustar alguns dos seus vinhos e observe que acrescentei a palavra alguns , que não tinha na Alsacia, pois aqui os vinhos de 1ª linha são caríssimos e dificilmente vão estar disponíveis para degustação.
A outra diferença é que muitas destas degustações, mesmo sem incluir os tops, serão cobradas. Mas o atendimento é excelente.
De Gevrey, é só seguir a estrada vicinal que você vai visitar cada uma das regiões seguintes, com um cuidado importante de você não sair para a estrada principal de velocidade, pois nesta, você não ver nada, só vai poder sair em alguns das cidades.
Outro ponto de atenção é não deixar de visitar Vosne-Romanée, terroir do vinho mais caro do mundo mencionado anteriormente.
Voce vai poder ver bem de perto seu vinhedo, identificado facilmente nos mapas da região e marcado com uma mítica e famosa cruz de cimento, ponto de foto obrigatório.
Seu vizinho, o Clos de Vougeot é também super famoso e tem a vantagem de hospedar um Castelo no seu interior, que pode ser visitado, se transformou em museu, mais uma visita obrigatória.
Finalmente é importante saber que Aloxe-Corton é a ultima vila da Cote de Nuits, logo em seguida vem a cidade de Beaune, tudo isso tem apenas 30 kms de distancia.
É, de longe, a maior concentração de qualidade de vinho por metro quadrado do mundo.
Beaune também merece ser visitada, mesmo que tenha decidido não se hospedar lá.
Cidade muito preservada, do famoso Hospices de Beaune, que se transformou em museu, precisa ser visitado e uma ótima opção para escolher seu jantar.
Talvez pela riqueza da região ou pela importância dos vinhos, a cidade, mesmo pequena, hospeda vários restaurantes premiados com estrelas Michelin.
Para finalizar, dependendo do local da sua hospedagem, falta agora conhecer a Cote de Beaune e os papeis se invertem, a Chardonnay ( branca ) passa a ser a estrela e a Pinot Noir vira coadjuvante do ato principal.
São pelo menos 8 vilas muito importantes mas vou correr o risco de ser massacrado e indicar pelo menos 4 que você não pode perder.
Se concentre na primeira, Pommard e também em Mersault, Puligny- Montrachet e sem sombra de duvida em Chassagne-Montrachet.
Esta ultima é a que você vai se concentrar se tiver que escolher apenas uma.
Dai você vai continuar a viagem, passar pela Cotê Chalonnaise, Maconnais e Beaujolais, todos regiões com seus predicados no mundo do vinho, até chegar a Lyon.
Termino este post com dor na consciência pois daria para escrever um post para cada uma destas vilas mencionadas mas o nosso objetivo aqui é mais turístico do que enológico, me perdoem os apaixonados pelo vinho e vamos para Lyon.


Continua ...