sábado, 6 de setembro de 2014

1000 vinhos - Post Especial


Ribeira del Duero, Espanha

Como um bom virginiano, mesmo nada ligado a astrologia, adoro o perfeccionismo, a organização, o controle das atividades.
E quando esta característica é aplicado a um Enófilo a consequência é você anotar e catalogar cada vinho que você experimenta.
Parece loucura mas não é, numa simples planilha de Excel com colunas para o nome, fabricante, ano, região e alguns outros dados de cada vinho degustado, venho catalogando todos os vinhos que degustei desde que comecei a conhecer este mundo.
Para quem ainda duvida, posso mandar uma evidência, nos moldes das famosas auditorias da ISO.
Mas você já deve estar curioso para saber porque comecei um post contando uma das minhas manias e a resposta é que a duas semanas, neste controle, completei a marca emblemática de ter experimentado 1000 vinhos !
Para aqueles que leram ou utilizam o livro “1001 vinhos para beber antes de morrer”, como eu faço e por coerência com o inicio deste post , também anoto os poucos que já experimentei, fica claro que estou bem longe de atingir o objetivo já que só agora degustei 1000 vinhos, então imagine quanto tempo levará para chegar nos 1000 vinhos selecionados por Neil Beckett, que por sinal são mesmo a nata do mundo vinícola, em qualidade e infelizmente em preço salgado também.
Constatada a conquista da marca, a ação subsequente foi pensar, ok, parabéns, mas para que serve isso ?
Você já experimentou 1000 vinhos, que bom, mas poderia ser 800 ou 1323 vinhos e daí ?
E a resposta, depois de alguns dias com este pensamento recorrendo na mente, veio na forma racional e matemática: Muito bem, significa que tendo uma amostragem bastante significativa estatisticamente de 1000 experimentos você consegue fazer importantes comparações e tirar grandes conclusões !
Se o Ibope consegue definir quem será o futuro presidente do Brasil ( sem considerar que um avião pode cair a qualquer momento ) fazendo algumas entrevistas em determinadas cidades de tempos em tempos, imagine o que eu consigo fazer com uma amostra de 1000 observações.
Mas logo cai na realidade, sim, grandes conclusões mas que só interessam a mim que experimentei tais vinhos, baixa a bola e se contenta em escolher os 10 vinhos que você mais gostou neste período, em um determinado critério, que talvez você vá motivar algum leitor desatento a experimentar algum deles.
E é isso que temos no post de hoje, uma seleção dos 10 vinhos que eu mais gostei depois de ter experimentado 1000 deles.
O leitor atento já deve estar reclamando e questionando : “Mas e o critério que você falou que iria determinar ? “
Pois é escolhi um sim, mas é mais fácil falar dos que eu não escolhi para chegar no critério final.
Não escolhi os vinhos mais caros que eu tomei, seria muito obvio, para um ser racional, listava pelo Excel a coluna preço do maior para o menor ( sim a minha tabela de controle tem esta coluna, não poderia faltar ) e publicava os 10 primeiros, o post já estaria pronto.
Sem graça, apesar de perceber claramente na literatura enológica que alguns comentaristas olham o preço antes de fazer as suas observações.
Também não escolhi os vinhos com maiores pontuações pelo Robert Parker, Guia Penin ou Wine Spectator, pelas mesmíssimas razões acima ( também tenho a coluna pontuação no meu arquivo).
Sem me alongar demais, o critério foi : os vinhos que eu mais gostei, simples assim.
Sabe aquele que você toma e por alguma razão que você não sabe explicar direito no primeiro momento, você adorou, sentiu ter algo especial, bem acima da media dos vinhos do mercado, segundo o seu gosto ?
São estes que eu listei.
Logo abaixo você vai ter a oportunidade de conhecer estes vinhos, os que eu mais gostei, com a única garantia que para mim eles tem algo especial, bem acima da maioria dos outros 999 .
Fica totalmente a seu critério fazer alguma coisa útil com esta lista, a minha proposta foi contar para vocês, depois de muita enrolação, quais são eles, agora é com você.
Teve mais um critério : para desempatar, já que cheguei numa lista de 15 vinhos, depois de muito escolher, distribui por países já que na lista de 15 tinham mais italianos e franceses. Equalizei.
Importante, eles não estão em ordem de preferencia ,  se já foi complicado escolher 10, imagina agora listar qual foi o 1º, o 2º, o 3º até fechar a lista.
Sem chance, segue os 10 melhores pela ordem cronológica que eu os conheci, nada mais que isso.

TOP 10

1)   Geantet-Pansiot da região de Gevrey-Chambertin na Borgonha, França, que como você deve saber, seguramente feito com Pinot Noir, um grande exemplo da legião dos amantes dos Pinots da Borgonha. Lembre-se que escolhi não utilizar o preço como parâmetro, você não vai encontrar os Gran Crus aqui, seria fácil demais.

2)  Sol Rouge Cabernet Sauvignon do Napa Valley, Califórnia, Estados Unidos, degustado em São Francisco, praticamente desconhecido no Brasil, representa o que os vinhos americanos tem de melhor. O diferencial desta escolha é exatamente ter descoberto um super vinho sem usar nenhuma referencia externa.

3)   Pazzia Lucarelli com a uva Primitivo de Manduria ( a mesma Zinfandel americana ) da região da Puglia.Hoje se tornou um best seller e por consequência atingiu preços exorbitantes ( R$ 200,00 no Brasil ) mas conheci este vinho na sua safra 2006 quando ainda não usava o nome Pazzia, apenas o nome da vinícola e custava R$ 80,00. Para o gosto brasileiro ( e o meu )  é imperdível.

4)   Trimbach Gewurztraminer, um grande representante dos vinhos brancos na lista, poderia também ser um vinho alemão, mas este é da Alsacia, Frances. Além da qualidade, nos foi apresentando pela própria proprietária Anne, que os demonstrava em pessoa numa loja de vinhos de Chicago. Com muita simplicidade nos explicou que costuma viajar o mundo mostrando seus vinhos para colher opiniões diretamente dos seus clientes. Note a assinatura acima do rótulo na foto, a ideia era guardar a garrafa mas ela resistiu 2 dias, tomamos na própria viagem.Excelente exemplar.

5)   Bramare Marchiore Malbec, da Vinícola Cobos, é o representante argentino da lista. Produzido com uvas selecionadas de parreiras com mais de 50 anos de vinhedo único Marchiore em Perdriel, Lujan de Cuyo em Mendoza.

6)   Terrunyo Carmenere , da Concha y Toro, produzido com as exclusivas uvas carmenere, só encontradas em quantidade no Chile, e do famoso vinhedo de Peumo no Valle del Cachapoal. Poderia ter escolhido vários outros chilenos mas foi este que mais me surpreendeu pelo custo x beneficio, especialmente se você compra-lo num free shop ou nos Estados Unidos.

7)  Sassicaia da Tenuta San Guido na Toscana, talvez a escolha mais obvia dos 10 vinhos mas não tive como retira-lo da lista, é para mim o melhor vinho do mundo, independente do preço, que não é barato. Se um dia você tiver o sonho de gastar um bom dinheiro em um vinho para experimentar como são os melhores, esta é a opção, pode comprar tranquilamente.

8)  Saint Clair Family State feito com a Sauvignon Blanc, é o representante do novo mundo oriental, feito na Nova Zelandia. Quando você quiser saber como um vinho pode ter aroma marcante de Maracujá é só experimenta-lo. Na verdade qualquer Sauvignon Blanc Neozelandês  tem esta característica mas este é especial, para mim.

9)   Tradicion Oloroso 30 anos da região de Jerez na Espanha, o representante dos vinhos doces. Mas não se engane, é O vinho doce, feito com muita tradição, não por causa do nome mas por causa da região que transpira qualidade nesta gama de vinhos adocicados. Licor dos Deuses, acredite.

10) Monprivato produzido por Giuseppe Mascarello em  Castiglione Falletto  na DOCG Barolo, no Piemonte , Italia, umas das DOCGs que produz o Rei dos vinhos ( Segundo seus amantes ). Montprivato é um vinhedo especifico e demarcado como é padrão na região ( assim como na Borgonha ), merece ser degustado.

Enfim, esta é a lista, agora é com você, quem sabe quando degustar 2000 vinhos faço uma revisão.


Saude !!











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