Ribeira del Duero, Espanha |
Como um bom virginiano, mesmo nada ligado
a astrologia, adoro o perfeccionismo, a organização, o controle das atividades.
E quando esta característica é aplicado a
um Enófilo a consequência é você anotar e catalogar cada vinho que você
experimenta.
Parece loucura mas não é, numa simples
planilha de Excel com colunas para o nome, fabricante, ano, região e alguns
outros dados de cada vinho degustado, venho catalogando todos os vinhos que
degustei desde que comecei a conhecer este mundo.
Para quem ainda duvida, posso mandar uma
evidência, nos moldes das famosas auditorias da ISO.
Mas você já deve estar curioso para saber
porque comecei um post contando uma das minhas manias e a resposta é que a duas
semanas, neste controle, completei a marca emblemática de ter experimentado
1000 vinhos !
Para aqueles que leram ou utilizam o
livro “1001 vinhos para beber antes de morrer”, como eu faço e por coerência
com o inicio deste post , também anoto os poucos que já experimentei, fica
claro que estou bem longe de atingir o objetivo já que só agora degustei 1000
vinhos, então imagine quanto tempo levará para chegar nos 1000 vinhos
selecionados por Neil Beckett, que por sinal são mesmo a nata do mundo
vinícola, em qualidade e infelizmente em preço salgado também.
Constatada a conquista da marca, a ação
subsequente foi pensar, ok, parabéns, mas para que serve isso ?
Você já experimentou 1000 vinhos, que
bom, mas poderia ser 800 ou 1323 vinhos e daí ?
E a resposta, depois de alguns dias com
este pensamento recorrendo na mente, veio na forma racional e matemática: Muito
bem, significa que tendo uma amostragem bastante significativa estatisticamente
de 1000 experimentos você consegue fazer importantes comparações e tirar
grandes conclusões !
Se o Ibope consegue definir quem será o
futuro presidente do Brasil ( sem considerar que um avião pode cair a qualquer
momento ) fazendo algumas entrevistas em determinadas cidades de tempos em
tempos, imagine o que eu consigo fazer com uma amostra de 1000 observações.
Mas logo cai na realidade, sim, grandes
conclusões mas que só interessam a mim que experimentei tais vinhos, baixa a
bola e se contenta em escolher os 10 vinhos que você mais gostou neste período,
em um determinado critério, que talvez você vá motivar algum leitor desatento a
experimentar algum deles.
E é isso que temos no post de hoje, uma
seleção dos 10 vinhos que eu mais gostei depois de ter experimentado 1000
deles.
O leitor atento já deve estar reclamando
e questionando : “Mas e o critério que você falou que iria determinar ? “
Pois é escolhi um sim, mas é mais fácil
falar dos que eu não escolhi para chegar no critério final.
Não escolhi os vinhos mais caros que eu
tomei, seria muito obvio, para um ser racional, listava pelo Excel a coluna
preço do maior para o menor ( sim a minha tabela de controle tem esta coluna,
não poderia faltar ) e publicava os 10 primeiros, o post já estaria pronto.
Sem graça, apesar de perceber claramente
na literatura enológica que alguns comentaristas olham o preço antes de fazer
as suas observações.
Também não escolhi os vinhos com maiores
pontuações pelo Robert Parker, Guia Penin ou Wine Spectator, pelas mesmíssimas razões acima ( também
tenho a coluna pontuação no meu arquivo).
Sem me alongar demais, o critério foi :
os vinhos que eu mais gostei, simples assim.
Sabe aquele que você toma e por alguma
razão que você não sabe explicar direito no primeiro momento, você adorou,
sentiu ter algo especial, bem acima da media dos vinhos do mercado, segundo o
seu gosto ?
São estes que eu listei.
Logo abaixo você vai ter a oportunidade
de conhecer estes vinhos, os que eu mais gostei, com a única garantia que para
mim eles tem algo especial, bem acima da maioria dos outros 999 .
Fica totalmente a seu critério fazer
alguma coisa útil com esta lista, a minha proposta foi contar para vocês,
depois de muita enrolação, quais são eles, agora é com você.
Teve mais um critério : para desempatar,
já que cheguei numa lista de 15 vinhos, depois de muito escolher, distribui por
países já que na lista de 15 tinham mais italianos e franceses. Equalizei.
Importante, eles não estão em ordem de
preferencia , se já foi complicado
escolher 10, imagina agora listar qual foi o 1º, o 2º, o 3º até fechar a lista.
Sem
chance, segue os 10 melhores pela ordem cronológica que eu os conheci, nada
mais que isso.
TOP 10
1) Geantet-Pansiot da
região de Gevrey-Chambertin na
Borgonha, França, que como você deve saber, seguramente feito com Pinot Noir, um
grande exemplo da legião dos amantes dos Pinots da Borgonha. Lembre-se que escolhi não
utilizar o preço como parâmetro, você não vai encontrar os Gran Crus
aqui, seria fácil demais.
2) Sol
Rouge Cabernet Sauvignon do Napa Valley, Califórnia, Estados Unidos, degustado
em São Francisco, praticamente desconhecido no Brasil, representa o que os
vinhos americanos tem de melhor. O diferencial desta escolha é exatamente ter
descoberto um super
vinho sem usar nenhuma referencia externa.
3) Pazzia
Lucarelli com a uva Primitivo de Manduria ( a mesma Zinfandel americana ) da região da Puglia.Hoje se
tornou um best seller e
por consequência atingiu preços exorbitantes ( R$ 200,00 no Brasil ) mas
conheci este vinho na sua safra 2006 quando ainda não usava o nome Pazzia,
apenas o nome da vinícola e custava R$ 80,00. Para o gosto brasileiro ( e o meu
) é imperdível.
4) Trimbach Gewurztraminer, um
grande representante dos vinhos brancos na lista, poderia também ser um vinho
alemão, mas este é da Alsacia,
Frances. Além da qualidade, nos foi apresentando pela própria proprietária
Anne, que os demonstrava em pessoa numa loja de vinhos de Chicago. Com muita
simplicidade nos explicou que costuma viajar o mundo mostrando seus vinhos para
colher opiniões diretamente dos seus clientes. Note a assinatura acima do
rótulo na foto, a ideia era guardar a garrafa mas ela resistiu 2 dias, tomamos
na própria viagem.Excelente
exemplar.
5) Bramare Marchiore Malbec, da
Vinícola Cobos, é o
representante argentino da lista. Produzido com uvas selecionadas de parreiras
com mais de 50 anos de vinhedo único Marchiore em Perdriel, Lujan de Cuyo em Mendoza.
6) Terrunyo Carmenere , da
Concha y Toro, produzido com as exclusivas uvas carmenere, só encontradas em quantidade no Chile,
e do famoso vinhedo de Peumo no
Valle del Cachapoal.
Poderia ter escolhido vários outros chilenos mas foi este que mais me
surpreendeu pelo custo x beneficio, especialmente se você compra-lo num free shop
ou nos Estados Unidos.
7) Sassicaia da Tenuta San
Guido na Toscana, talvez a escolha mais obvia dos 10 vinhos mas não tive como
retira-lo da lista, é para mim o melhor vinho do mundo, independente do preço,
que não é barato. Se um dia você tiver o sonho de gastar um bom dinheiro em um
vinho para experimentar como são os melhores, esta é a opção, pode comprar
tranquilamente.
8) Saint
Clair Family
State feito
com a Sauvignon Blanc, é o representante do novo mundo oriental, feito na Nova Zelandia.
Quando você quiser saber como um vinho pode ter aroma marcante de Maracujá é só
experimenta-lo. Na verdade qualquer Sauvignon Blanc Neozelandês tem esta característica mas este é especial,
para mim.
9) Tradicion
Oloroso 30 anos da região de Jerez na Espanha, o representante dos vinhos
doces. Mas não se engane, é O vinho doce, feito com muita tradição, não por
causa do nome mas por causa da região que transpira qualidade nesta gama de
vinhos adocicados. Licor dos Deuses, acredite.
10) Monprivato
produzido por Giuseppe
Mascarello
em Castiglione Falletto na DOCG Barolo, no Piemonte , Italia, umas das DOCGs que produz o Rei dos vinhos ( Segundo
seus amantes ). Montprivato é um
vinhedo especifico e demarcado como é padrão na região ( assim como na Borgonha
), merece ser degustado.
Enfim, esta é a lista, agora é com você,
quem sabe quando degustar 2000 vinhos faço uma revisão.
Saude !!
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