terça-feira, 30 de setembro de 2014

Post Especial - Avaliação Nacional de Vinhos do Brasil - Safra 2014


 Na sua 22ª Edição, neste final de semana, foi realizada a Avaliação Nacional de Vinhos do Brasil Safra 2014 no Parque de Eventos de Bento Gonçalves.
Um evento surpreendente, preparado para receber 700 pessoas , que corresponderam em peso, para degustar 16 amostras dos melhores vinhos (base) do ano.
Neste ano, 58 Vinícolas apresentaram 290 amostras de vinhos da safra de 2014, no estagio inicial, não necessariamente prontos para serem engarrafados e consumidos.
Por exemplo, os espumantes participam com seu licor base, antes da 2ª fermentação e os vinhos mais complexos ainda não tiveram nenhuma passagem por barril. Uma complexidade adicional para os analistas que precisam considerar o potencial de envelhecimento de cada amostra.
As amostras são analisadas nas suas características técnicas pelo Laboratório de Análise Sensorial da Embrapa Uva e Vinho, depois de cuidadosa colheita in loco, das amostras feitas por uma comissão designada.
Depois desta fase, 120 enólogos com experiência em degustação pontuam as amostras  as cegas, sabendo apenas em que categoria ela está enquadrada mas sem conhecer a uva em questão.
O critério de pontuação segue o padrão usual dos grandes concursos de vinho e este júri escolhe os 30 % mais representativos.
Destes 30 % , são escolhidos as 16 melhores amostras distribuídas nas seguintes categorias : 3 amostras para Base Espumante, 4 amostras para Vinho Fino Branco Seco não Aromático, 1 para Vinho Fino Branco Seco Aromático, 1 para Vinho Fino Tinto Seco Jovem e 7 para Vinho Fino Tinto Seco. No ano passado tinha-se uma amostra a mais de Vinho Aromatico e uma a menos para a base espumante.
No Evento, então, estes 16 vinhos são apresentados um a um aos participantes do evento sem revelar ainda as Vinícolas a que pertencem.
Mas em especial para uma mesa de jurados escolhidos de forma especial, reunindo grandes especialistas, no evento de 2014 representando países como Inglaterra, Argentina, Espanha, Uruguai, Brasil e França.
Estavam presentes Presidentes e Diretores de Organizações de Enologia, Enólogos,  Sommeliers,  incluindo a Master of Wines Susan Dawn McCraith da Inglaterra.
Também compõem a mesa convidados enófilos ( que gostam de vinho ) mas não especialistas, como jornalistas, médicos e neste ano o Ator e Diretor Selton Melo e o Empresário Galvão Bueno.
A medida que os vinhos vão sendo servidos um dos jurados comentar uma amostra determinada.
Show a parte é a organização do evento onde 700 pessoas ficam espaçosamente acomodadas e são servidas por uma legião de estudantes de Gastronomia , exemplarmente coordenados, capazes de servir cada amostra em no máximo 2 ou 3 minutos.
A surpresa da degustação ficou por conta da 8a amostra que foi degustada por todos LITERALMENTE as cegas, onde cada participante foi devidamente vendado para faze-la. Era a amostra de vinho Branco aromático portanto foi possível amplificar o efeito dos fortes e deliciosos aromas frutados e florais da uva Moscato Giallo.
Ao final, com muita suspense e apreensão, são divulgadas as vinícolas proprietárias das 16 amostras vencedoras.
Neste ano, as Bases de Espumante, tiveram a predominância da uva Chardonnay, sozinha ou cortada com Pinot Moir e/ou Riesling Itálica das Vinicolas Domno, Chandon e Geisse, num nivel bem elevado conforme já consagrada pela qualidade da produção de espumantes no Brasil.
O Branco Aromático da Moscato Giallo veio da Vinicola Giacomin e as 4 amostras das uvas Brancas Secas, também tiveram a predominância da Chardonnay das vinícolas Fazenda Santa Rita, Goes & Venturini e Nova Aliança, deixando a quarta amostra para a uva Riesling Itálica ( que reconhece esta variedade muito bem adaptada ao terroir da Serra Gaucha ) da Vinicola Salton.
No grupo dos tintos , a amostra Tinta Jovem foi da Cabernet Sauvignon da Vinícola Vinhos Hortência – Giacomin e o grupo principal com 7 amostras foram divididos em 1 Cabernet Franc da Vinícola Goes, duas Merlots das Vinícolas Perini e Casa Valduga , já esperadas considerando que a Merlot tem sido a uva tinta de maior destaque nos terroirs brasileiros nos ultimos anos.
Uma Cabernet Sauvignon da Vinícola Aurora e entrando no grupo das surpresas, por não serem uvas tradicionais , duas amostras de Ancellotta das Vinícolas Don Guerino e Monte Rosário, uma uva normalmente coadjuvante, usada para cortes e não para vinhos varietais mas que no Brasil tem se destacado, e uma Tannat,  a tipica uva Uruguaia, que vai se destacando também nas produção brasileira, neste caso produzida pela Vinícola Valmarino.
As Vinicolas em destaque no evento, na minha visão, não apenas pelo fato de terem ganho em pelo menos uma das 16 categorias mas principalmente por terem um número representativo das suas amostras classificadas nos 30 % melhores foram :
Vinicola Perini com 11 amostras, a Vinicola Don Guerino com 9 amostras e a Valduga com 8 amostras, todas elas com um universo de 7 uvas diferentes, demonstrando que a qualidade está no processo de produção e na habilidade do Enologo e não numa especialidade de uva.
Além das uvas premiadas, no grupo dos 30 % apareceram as uvas Teroldego, Marselan e Arinarnoa, não tão conhecidas, supreendendo muitos dos presentes e as já conhecidas Sauvignon Blanc, Pinot Noir e Syrah.
Mas, sem duvida, é a Chardonnay que reina no Brasil, tendo 34 amostras no grupo de 30 % , representando 40% das premiadas.
O Evento se completou com um show de um cover de Elvis Presley e no final todos os convidados foram brindados com espumantes Chandon e um almoço com diversos rótulos das vinícolas participantes.
Enfim, ficou claro para todos os participantes, o profissionalismo com que o evento foi organizado e a constante evolução dos vinhos brasileiros.


Saude
!!




sábado, 6 de setembro de 2014

1000 vinhos - Post Especial


Ribeira del Duero, Espanha

Como um bom virginiano, mesmo nada ligado a astrologia, adoro o perfeccionismo, a organização, o controle das atividades.
E quando esta característica é aplicado a um Enófilo a consequência é você anotar e catalogar cada vinho que você experimenta.
Parece loucura mas não é, numa simples planilha de Excel com colunas para o nome, fabricante, ano, região e alguns outros dados de cada vinho degustado, venho catalogando todos os vinhos que degustei desde que comecei a conhecer este mundo.
Para quem ainda duvida, posso mandar uma evidência, nos moldes das famosas auditorias da ISO.
Mas você já deve estar curioso para saber porque comecei um post contando uma das minhas manias e a resposta é que a duas semanas, neste controle, completei a marca emblemática de ter experimentado 1000 vinhos !
Para aqueles que leram ou utilizam o livro “1001 vinhos para beber antes de morrer”, como eu faço e por coerência com o inicio deste post , também anoto os poucos que já experimentei, fica claro que estou bem longe de atingir o objetivo já que só agora degustei 1000 vinhos, então imagine quanto tempo levará para chegar nos 1000 vinhos selecionados por Neil Beckett, que por sinal são mesmo a nata do mundo vinícola, em qualidade e infelizmente em preço salgado também.
Constatada a conquista da marca, a ação subsequente foi pensar, ok, parabéns, mas para que serve isso ?
Você já experimentou 1000 vinhos, que bom, mas poderia ser 800 ou 1323 vinhos e daí ?
E a resposta, depois de alguns dias com este pensamento recorrendo na mente, veio na forma racional e matemática: Muito bem, significa que tendo uma amostragem bastante significativa estatisticamente de 1000 experimentos você consegue fazer importantes comparações e tirar grandes conclusões !
Se o Ibope consegue definir quem será o futuro presidente do Brasil ( sem considerar que um avião pode cair a qualquer momento ) fazendo algumas entrevistas em determinadas cidades de tempos em tempos, imagine o que eu consigo fazer com uma amostra de 1000 observações.
Mas logo cai na realidade, sim, grandes conclusões mas que só interessam a mim que experimentei tais vinhos, baixa a bola e se contenta em escolher os 10 vinhos que você mais gostou neste período, em um determinado critério, que talvez você vá motivar algum leitor desatento a experimentar algum deles.
E é isso que temos no post de hoje, uma seleção dos 10 vinhos que eu mais gostei depois de ter experimentado 1000 deles.
O leitor atento já deve estar reclamando e questionando : “Mas e o critério que você falou que iria determinar ? “
Pois é escolhi um sim, mas é mais fácil falar dos que eu não escolhi para chegar no critério final.
Não escolhi os vinhos mais caros que eu tomei, seria muito obvio, para um ser racional, listava pelo Excel a coluna preço do maior para o menor ( sim a minha tabela de controle tem esta coluna, não poderia faltar ) e publicava os 10 primeiros, o post já estaria pronto.
Sem graça, apesar de perceber claramente na literatura enológica que alguns comentaristas olham o preço antes de fazer as suas observações.
Também não escolhi os vinhos com maiores pontuações pelo Robert Parker, Guia Penin ou Wine Spectator, pelas mesmíssimas razões acima ( também tenho a coluna pontuação no meu arquivo).
Sem me alongar demais, o critério foi : os vinhos que eu mais gostei, simples assim.
Sabe aquele que você toma e por alguma razão que você não sabe explicar direito no primeiro momento, você adorou, sentiu ter algo especial, bem acima da media dos vinhos do mercado, segundo o seu gosto ?
São estes que eu listei.
Logo abaixo você vai ter a oportunidade de conhecer estes vinhos, os que eu mais gostei, com a única garantia que para mim eles tem algo especial, bem acima da maioria dos outros 999 .
Fica totalmente a seu critério fazer alguma coisa útil com esta lista, a minha proposta foi contar para vocês, depois de muita enrolação, quais são eles, agora é com você.
Teve mais um critério : para desempatar, já que cheguei numa lista de 15 vinhos, depois de muito escolher, distribui por países já que na lista de 15 tinham mais italianos e franceses. Equalizei.
Importante, eles não estão em ordem de preferencia ,  se já foi complicado escolher 10, imagina agora listar qual foi o 1º, o 2º, o 3º até fechar a lista.
Sem chance, segue os 10 melhores pela ordem cronológica que eu os conheci, nada mais que isso.

TOP 10

1)   Geantet-Pansiot da região de Gevrey-Chambertin na Borgonha, França, que como você deve saber, seguramente feito com Pinot Noir, um grande exemplo da legião dos amantes dos Pinots da Borgonha. Lembre-se que escolhi não utilizar o preço como parâmetro, você não vai encontrar os Gran Crus aqui, seria fácil demais.

2)  Sol Rouge Cabernet Sauvignon do Napa Valley, Califórnia, Estados Unidos, degustado em São Francisco, praticamente desconhecido no Brasil, representa o que os vinhos americanos tem de melhor. O diferencial desta escolha é exatamente ter descoberto um super vinho sem usar nenhuma referencia externa.

3)   Pazzia Lucarelli com a uva Primitivo de Manduria ( a mesma Zinfandel americana ) da região da Puglia.Hoje se tornou um best seller e por consequência atingiu preços exorbitantes ( R$ 200,00 no Brasil ) mas conheci este vinho na sua safra 2006 quando ainda não usava o nome Pazzia, apenas o nome da vinícola e custava R$ 80,00. Para o gosto brasileiro ( e o meu )  é imperdível.

4)   Trimbach Gewurztraminer, um grande representante dos vinhos brancos na lista, poderia também ser um vinho alemão, mas este é da Alsacia, Frances. Além da qualidade, nos foi apresentando pela própria proprietária Anne, que os demonstrava em pessoa numa loja de vinhos de Chicago. Com muita simplicidade nos explicou que costuma viajar o mundo mostrando seus vinhos para colher opiniões diretamente dos seus clientes. Note a assinatura acima do rótulo na foto, a ideia era guardar a garrafa mas ela resistiu 2 dias, tomamos na própria viagem.Excelente exemplar.

5)   Bramare Marchiore Malbec, da Vinícola Cobos, é o representante argentino da lista. Produzido com uvas selecionadas de parreiras com mais de 50 anos de vinhedo único Marchiore em Perdriel, Lujan de Cuyo em Mendoza.

6)   Terrunyo Carmenere , da Concha y Toro, produzido com as exclusivas uvas carmenere, só encontradas em quantidade no Chile, e do famoso vinhedo de Peumo no Valle del Cachapoal. Poderia ter escolhido vários outros chilenos mas foi este que mais me surpreendeu pelo custo x beneficio, especialmente se você compra-lo num free shop ou nos Estados Unidos.

7)  Sassicaia da Tenuta San Guido na Toscana, talvez a escolha mais obvia dos 10 vinhos mas não tive como retira-lo da lista, é para mim o melhor vinho do mundo, independente do preço, que não é barato. Se um dia você tiver o sonho de gastar um bom dinheiro em um vinho para experimentar como são os melhores, esta é a opção, pode comprar tranquilamente.

8)  Saint Clair Family State feito com a Sauvignon Blanc, é o representante do novo mundo oriental, feito na Nova Zelandia. Quando você quiser saber como um vinho pode ter aroma marcante de Maracujá é só experimenta-lo. Na verdade qualquer Sauvignon Blanc Neozelandês  tem esta característica mas este é especial, para mim.

9)   Tradicion Oloroso 30 anos da região de Jerez na Espanha, o representante dos vinhos doces. Mas não se engane, é O vinho doce, feito com muita tradição, não por causa do nome mas por causa da região que transpira qualidade nesta gama de vinhos adocicados. Licor dos Deuses, acredite.

10) Monprivato produzido por Giuseppe Mascarello em  Castiglione Falletto  na DOCG Barolo, no Piemonte , Italia, umas das DOCGs que produz o Rei dos vinhos ( Segundo seus amantes ). Montprivato é um vinhedo especifico e demarcado como é padrão na região ( assim como na Borgonha ), merece ser degustado.

Enfim, esta é a lista, agora é com você, quem sabe quando degustar 2000 vinhos faço uma revisão.


Saude !!