quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Alsacia como região Vitivinícola ! Leste da França Parte V














Entramos agora em um capítulo a parte, a Alsacia como região vinícola tem suas próprias e exclusivas características.
Protegida pelos Montes Vosges, que segura os ventos frios, regada pelo rio Reno e privilegiada com solos diferentes, em especial os calcáricos, tem total vocação para os vinhos brancos.
Como variedades principais, são famosas as brancas :  Riesling, Gewurztraminer, Pinot Gris e Moscatel.
Contudo em sub-reuniões especificas você vai poder experimentar a Pinot Blanc, Axerrois e Sylvaner.
Das tintas, a única que merece ser mencionada é a Pinot Noir mas de longe, as brancas se destacam nesta região.
O processo para desvendar a região é simples e objetivo, visitar cada uma das pequenas cidades, todas maravilhosas, procurar o Hotel de Ville, a Igreja Central e a Gran Rue que você estará no lugar certo. É sempre assim.
Dai, começar a entrar em cada estabelecimento que se identificar como produtor e será recebido de braços abertos.
Como regra geral terá a oportunidade de degustar toda a linha do fabricante sem custo algum e sem obrigação de levar um exemplar.
Simples assim.
Contudo o que parece fácil tem algumas complicações : a primeira é escolher quais visitar pois são dezenas !
Num dos mapas que encontramos facilmente na região, são listados 102 destinos, nada que 6 meses na região não resolvam.
Como provavelmente você não vai ter este tempo, vamos ajuda-lo a escolher onde ir e resolver este problema.
O segundo é aprender como estacionar, as cidades tem ruas muito estreitas e é aconselhável transitar por elas a pé, não tente de carro, correndo o risco de ficar entalado ou dar num beco sem saída.
Deixe esta atividade para os moradores, é bem mais fácil para eles.
Para você, use como regra chegar perto do centro e procurar uma placa bem grande com um P escrito em branco com fundo azul, esta é a melhor solução. Normalmente são áreas grandes com vagas para dezenas de carros ( não centenas ) e sua única preocupação vai ser pagar a permanência.
Estacione seu carro e procure um caixa automático, normalmente também marcado com o conhecido P.
Lá, estará indicado na tela o custo por hora e você só terá o trabalho de colocar moedas que cubram o custo do período que você pretende ficar.
Não costumam ser caros, 1 ou 2 euros resolvem e aos domingos são livres.
Dai, é dar um enter depois de colocar as moedas e você receberá um ticket que deverá ser colocado dentro do carro em local visível.
Problema Nr. 2 resolvido.
O terceiro é o mais difícil, seu fígado, depois da 2ª visita, você já terá experimentado 10 a 12 vinhos e ele começará a te lembrar que existe, assim como o seu cérebro.
Cuidado, terá que visitar poucas vinícolas por dia se não quiser ser carregado no final do dia ou apelar pelo deprimente mas muito comum no mundo dos vinhos de degustar e descartar a maioria dos vinhos que te serviram.
Deixe este procedimento para os estudiosos, eles conseguem captar os aromas e sabores desta forma  e conseguem aprender muito assim. Seres humanos normais só entendem isso como desperdício.
A decisão é sua, mas tome uma ( decisão ) e não deixe de fazer estes circuitos.
Para te ajudar na seleção das cidades, precisamos dizer que em cada uma delas existem regiões especiais, denominadas Grand Cru, locais com vinhedos excelentes, normalmente nas regiões das encostas das montanhas, faces Leste ou Sudoeste, com maior altitude ( e na verdade ótimo solo também ).
Então, como primeira dica, procure as cidades que tem um ou mais grand crus, elas tendem a ser as mais importantes, mas não use apenas esta regra, grandes fabricantes da região, grandes mesmos, não ligam nenhum pouco para isso, preferem dizer que o processo de cultivo da uva e o da produção do vinho é tão ou mais importante que a denominação e eu, pessoalmente, já me convenci que eles estão certos.
Já tomei vinhos ruins de ótimos lugares e vinhos excelentes de lugares medianos.
Mas isso não resolve o seu problema, onde ira visitar então ?
Calma, vamos te ajudar !
Vamos considerar uma limitação de tempo, por exemplo, apenas 2 ou 3 dias para estas visitas, então, mãos a obra.
Tecnicamente o mundo do vinho divide a Alsacia em Baixo e Alto Reno e como já comentei é ao contrario o Baixo é no Norte e o Alto no Sul, mas isso não ajuda muito pois você vai descobrir que as regiões mais importantes do Norte ( Baixo Reno ) são embaixo, bem próximas das regiões importantes do Sul, que ficam em cima. Ficou claro ? Resumindo todas muito próximas das outras.
Não se preocupe, a regra básica é : saindo de Estrasburgo você até pode visitar, sem gastar muito tempo, as primeiras vilas : Marlemheim, Wolxheim ( casa do famoso Grand Cru Altenberg ) e Molsheim, mas é a partir de Obernai que você realmente deve concentrar a sua atenção.
Sabendo disso é que você reconhece a importância de Colmar, é muito mais perto ficar em Colmar e subir até no máximo Obernai do que descer a partir de Estrasburgo.
Concluindo, mude para Colmar por 3 dias, e além de visitar a cidade, que pode ser feita nos finais de tarde, todos os dias, vá um dia até Obernai, visite a cidade e volte visitando Barr, Mittelbergueim e Andlau, todas recheadas de Grand Crus e inúmeras vinícolas ou escritórios a serem visitados.
Cada cidade com a sua característica mas vale a regra : Hotel de Ville, Gran Rue e Igreja, parando no P, não tem erro.
No outro dia ( e lembrem se que estamos facilitando a sua vida e excluindo varias cidades que também merecem ser visitadas numa estadia mais longa ), siga direto para Kintzheim e coloque no GPS, Haut-Koenigbourg Castel, um castelo que você já terá visto pois paira por toda a Alsacia e merece ser visitado.
Totalmente preservado, se prepare para caminhar bastante, ele é enorme e a vista lá de cima é deslumbrante.
Vai ter que parar o carro 1 km antes, na própria estrada ou num pequeno bolsão e subir a pé até lá, mas vale a caminhada.
Depois não deixe de parar em Bergueim, visite a cidade murada e também a vinícola de Marcel Deiss bem na entrada e tenha uma aula de terroir da Alsacia, ele é o grande especialista e inovador da região.
Apenas para lembrar, neste momento você já estará no Alto Reno, viu como a divisão não serve para nada.
Depois vá para Ribeauville ( Casa da Trimbach e um ótimo escritório da Hugel ), Hunawihr e Riquewihr, todas maravilhosas e imperdíveis. O ideal é dividir estas visitas em 2 dias, se tiver tempo.
No 3º dia vá para a parte de baixo de Colmar, em especial para Eguisheim e Turcknheim.
Finalmente, se tiver tempo e quiser tirar nota 10 no trajeto, tente chegar a Guewiller e Than, também para baixo, só que mais longe, com mais alguns grand crus e os vinhos mais modernos da região.
Nada contra o modernismo mas visite nesta ordem, o tradicional e imperdível primeiro, depois você me fala se estava  ou não com a razão.
Para o período definido, é o melhor que você pode fazer.

Hora de partir para o paraíso do mundo dos vinhos para muitos especialistas, a Borgonha, veja nos próximos posts.
Aguarde ...



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