segunda-feira, 20 de novembro de 2017

A Borgonha, o berço dos vinhos mais caros do mundo ( O Leste da França, de Norte a Sul - Parte VI )



Se a Alsacia é especial, a Borgonha é o sonho de consumo de todo enófilo !
Por uma série de razões, os vinhos produzidos na região se tornaram os mais caros do mundo.
Dos 10 vinhos mais caros, publicados anualmente pela Wine Search, 7 são da Borgonha ( e os outros 3 são TBAs – entenda como vinhos nobres de sobremesa, Alemães ), é disso que vamos falar neste post.
Da mesma forma que a Alsacia vai de Estrasburgo a Mulhouse, com Colmar ao centro, a Borgonha, vai de Dijon a Lyon com a cidade de Beaune ( se diz Boone em francês ) no mesmo formato de linguiça, tipo Chile, comprida e estreita.
Saindo de Colmar são 260 kms de auto estrada francesa que é sinônimo de 130 kms por hora o tempo todo.
Aproveito a deixa para comentar que diferente das autoestradas alemãs, as francesas tem limite de velocidade.
É 110 km/hora nas normais e nas pedagiadas o limite é 130 km/hr.
É uma relação direta, você começou a pagar o pedágio, o limite ( e a segurança ) aumenta.
Tem basicamente dois tipos de pedágio, aqueles com preço pré-definido e aqueles com 2 fases, na primeira você não paga nada, só para para pegar um ticket e no seguinte, normalmente no momento que você vai sair da auto estrada, você insere o ticket, descobre o valor e paga.
Como saber quando é um e quando é outro ?
Mais ou menos 1 km antes do pedágio aparecer, você verá placas indicativas com o valor em Euro do pedágio quando for do tipo 1 e nos do tipo 2, um T ( de Ticket ) estilizado, informando que não precisara de dinheiro naquele posto ( veja foto ).
Mas tem um desafio adicional, além de tipos diferentes de pedágio, existem tipos diferentes de guichês !
São 3, os que tem um símbolo de notas de dinheiro e moeda, nestes você paga somente com dinheiro, outro com o símbolo de um cartão de crédito, então já sabe para que serve e o ultimo, não indica nada, é o guichê tipo sem parar, para quem tem o aparelho de via rápida instalado e operante no carro.
Voltando para a Borgonha, este trecho de Dijon a Lyon é chamado de Cote D´Or, costa do sol ( mas quem discorde desta interpretação )  que está dividida em duas partes : Cote de Nuits no Norte e Cote de Beaune ao Sul, e é a cidade de Beaune que faz a divisão.
Nuits é muito mais especializada em vinhos tintos, quase a totalidade de Pinot Noir, mas também tem vinhos brancos ( Chardonnay ) e Beaune é o oposto, majoritariamente brancos de Chardonnay e alguns tintos também de Pinot Noir.
Assim, você tem mais uma decisão a tomar, pode se hospedar em Dijon, uma cidade grande e que também tem seus grandes atrativos, mas não falaremos disso neste post e fica bem próximo dos vinhedos da Cote de Nuits ou se hospedar em Beaune que como Colmar, fica no meio dos vinhedos, uma cidade menor, mas muito atraente ou ainda optar por atravessar a Borgonha e se estabelecer em Lyon, outra grande cidade que merece ser visitada.
Já sei , você já deve estar reclamando que eu esqueci da possibilidade de ficar nas pequenas cidades dos vinhedos ou até mesmo nas propriedades. Pode mesmo, e não deixa de ser uma ótima opção romântica, mas lembrem-se as cidades e propriedades são basicamente agrícolas, sem muito comercio ou mesmo restaurantes e com horários bem limitados de atendimento.
No nosso caso, fizemos um misto, optamos por sair cedo de Colmar, não visitar Dijon, gastar o dia na Cote de Nuits e se hospedar bem próximo de Beaune por uma noite e depois mais 3 noites em Lyon, voltando para conhecer melhor a Cote de Beaune.
Voce decide.
Poderia agora listar toda a sequencia dos vilarejos da Borgonha ( são mais de 15 ), que todo Sommelier sabe decor, mas da mesma forma que na Alsacia, para 98 % das pessoas normais esta lista não serviria para nada.
Vamos ao que realmente importa, que é : saber que a primeira vila da Borgonha é Gevrey-Charbertin, é para lá que você deve apontar seu GPS no inicio da visita.
E seguramente, não é apenas a primeira mas também uma das mais importantes, não deixe de visitar.
Mesmo esquema da Alsacia, nas vilas, você vai encontrar escritórios das vinícolas e poder degustar alguns dos seus vinhos e observe que acrescentei a palavra alguns , que não tinha na Alsacia, pois aqui os vinhos de 1ª linha são caríssimos e dificilmente vão estar disponíveis para degustação.
A outra diferença é que muitas destas degustações, mesmo sem incluir os tops, serão cobradas. Mas o atendimento é excelente.
De Gevrey, é só seguir a estrada vicinal que você vai visitar cada uma das regiões seguintes, com um cuidado importante de você não sair para a estrada principal de velocidade, pois nesta, você não ver nada, só vai poder sair em alguns das cidades.
Outro ponto de atenção é não deixar de visitar Vosne-Romanée, terroir do vinho mais caro do mundo mencionado anteriormente.
Voce vai poder ver bem de perto seu vinhedo, identificado facilmente nos mapas da região e marcado com uma mítica e famosa cruz de cimento, ponto de foto obrigatório.
Seu vizinho, o Clos de Vougeot é também super famoso e tem a vantagem de hospedar um Castelo no seu interior, que pode ser visitado, se transformou em museu, mais uma visita obrigatória.
Finalmente é importante saber que Aloxe-Corton é a ultima vila da Cote de Nuits, logo em seguida vem a cidade de Beaune, tudo isso tem apenas 30 kms de distancia.
É, de longe, a maior concentração de qualidade de vinho por metro quadrado do mundo.
Beaune também merece ser visitada, mesmo que tenha decidido não se hospedar lá.
Cidade muito preservada, do famoso Hospices de Beaune, que se transformou em museu, precisa ser visitado e uma ótima opção para escolher seu jantar.
Talvez pela riqueza da região ou pela importância dos vinhos, a cidade, mesmo pequena, hospeda vários restaurantes premiados com estrelas Michelin.
Para finalizar, dependendo do local da sua hospedagem, falta agora conhecer a Cote de Beaune e os papeis se invertem, a Chardonnay ( branca ) passa a ser a estrela e a Pinot Noir vira coadjuvante do ato principal.
São pelo menos 8 vilas muito importantes mas vou correr o risco de ser massacrado e indicar pelo menos 4 que você não pode perder.
Se concentre na primeira, Pommard e também em Mersault, Puligny- Montrachet e sem sombra de duvida em Chassagne-Montrachet.
Esta ultima é a que você vai se concentrar se tiver que escolher apenas uma.
Dai você vai continuar a viagem, passar pela Cotê Chalonnaise, Maconnais e Beaujolais, todos regiões com seus predicados no mundo do vinho, até chegar a Lyon.
Termino este post com dor na consciência pois daria para escrever um post para cada uma destas vilas mencionadas mas o nosso objetivo aqui é mais turístico do que enológico, me perdoem os apaixonados pelo vinho e vamos para Lyon.


Continua ...








quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Alsacia como região Vitivinícola ! Leste da França Parte V














Entramos agora em um capítulo a parte, a Alsacia como região vinícola tem suas próprias e exclusivas características.
Protegida pelos Montes Vosges, que segura os ventos frios, regada pelo rio Reno e privilegiada com solos diferentes, em especial os calcáricos, tem total vocação para os vinhos brancos.
Como variedades principais, são famosas as brancas :  Riesling, Gewurztraminer, Pinot Gris e Moscatel.
Contudo em sub-reuniões especificas você vai poder experimentar a Pinot Blanc, Axerrois e Sylvaner.
Das tintas, a única que merece ser mencionada é a Pinot Noir mas de longe, as brancas se destacam nesta região.
O processo para desvendar a região é simples e objetivo, visitar cada uma das pequenas cidades, todas maravilhosas, procurar o Hotel de Ville, a Igreja Central e a Gran Rue que você estará no lugar certo. É sempre assim.
Dai, começar a entrar em cada estabelecimento que se identificar como produtor e será recebido de braços abertos.
Como regra geral terá a oportunidade de degustar toda a linha do fabricante sem custo algum e sem obrigação de levar um exemplar.
Simples assim.
Contudo o que parece fácil tem algumas complicações : a primeira é escolher quais visitar pois são dezenas !
Num dos mapas que encontramos facilmente na região, são listados 102 destinos, nada que 6 meses na região não resolvam.
Como provavelmente você não vai ter este tempo, vamos ajuda-lo a escolher onde ir e resolver este problema.
O segundo é aprender como estacionar, as cidades tem ruas muito estreitas e é aconselhável transitar por elas a pé, não tente de carro, correndo o risco de ficar entalado ou dar num beco sem saída.
Deixe esta atividade para os moradores, é bem mais fácil para eles.
Para você, use como regra chegar perto do centro e procurar uma placa bem grande com um P escrito em branco com fundo azul, esta é a melhor solução. Normalmente são áreas grandes com vagas para dezenas de carros ( não centenas ) e sua única preocupação vai ser pagar a permanência.
Estacione seu carro e procure um caixa automático, normalmente também marcado com o conhecido P.
Lá, estará indicado na tela o custo por hora e você só terá o trabalho de colocar moedas que cubram o custo do período que você pretende ficar.
Não costumam ser caros, 1 ou 2 euros resolvem e aos domingos são livres.
Dai, é dar um enter depois de colocar as moedas e você receberá um ticket que deverá ser colocado dentro do carro em local visível.
Problema Nr. 2 resolvido.
O terceiro é o mais difícil, seu fígado, depois da 2ª visita, você já terá experimentado 10 a 12 vinhos e ele começará a te lembrar que existe, assim como o seu cérebro.
Cuidado, terá que visitar poucas vinícolas por dia se não quiser ser carregado no final do dia ou apelar pelo deprimente mas muito comum no mundo dos vinhos de degustar e descartar a maioria dos vinhos que te serviram.
Deixe este procedimento para os estudiosos, eles conseguem captar os aromas e sabores desta forma  e conseguem aprender muito assim. Seres humanos normais só entendem isso como desperdício.
A decisão é sua, mas tome uma ( decisão ) e não deixe de fazer estes circuitos.
Para te ajudar na seleção das cidades, precisamos dizer que em cada uma delas existem regiões especiais, denominadas Grand Cru, locais com vinhedos excelentes, normalmente nas regiões das encostas das montanhas, faces Leste ou Sudoeste, com maior altitude ( e na verdade ótimo solo também ).
Então, como primeira dica, procure as cidades que tem um ou mais grand crus, elas tendem a ser as mais importantes, mas não use apenas esta regra, grandes fabricantes da região, grandes mesmos, não ligam nenhum pouco para isso, preferem dizer que o processo de cultivo da uva e o da produção do vinho é tão ou mais importante que a denominação e eu, pessoalmente, já me convenci que eles estão certos.
Já tomei vinhos ruins de ótimos lugares e vinhos excelentes de lugares medianos.
Mas isso não resolve o seu problema, onde ira visitar então ?
Calma, vamos te ajudar !
Vamos considerar uma limitação de tempo, por exemplo, apenas 2 ou 3 dias para estas visitas, então, mãos a obra.
Tecnicamente o mundo do vinho divide a Alsacia em Baixo e Alto Reno e como já comentei é ao contrario o Baixo é no Norte e o Alto no Sul, mas isso não ajuda muito pois você vai descobrir que as regiões mais importantes do Norte ( Baixo Reno ) são embaixo, bem próximas das regiões importantes do Sul, que ficam em cima. Ficou claro ? Resumindo todas muito próximas das outras.
Não se preocupe, a regra básica é : saindo de Estrasburgo você até pode visitar, sem gastar muito tempo, as primeiras vilas : Marlemheim, Wolxheim ( casa do famoso Grand Cru Altenberg ) e Molsheim, mas é a partir de Obernai que você realmente deve concentrar a sua atenção.
Sabendo disso é que você reconhece a importância de Colmar, é muito mais perto ficar em Colmar e subir até no máximo Obernai do que descer a partir de Estrasburgo.
Concluindo, mude para Colmar por 3 dias, e além de visitar a cidade, que pode ser feita nos finais de tarde, todos os dias, vá um dia até Obernai, visite a cidade e volte visitando Barr, Mittelbergueim e Andlau, todas recheadas de Grand Crus e inúmeras vinícolas ou escritórios a serem visitados.
Cada cidade com a sua característica mas vale a regra : Hotel de Ville, Gran Rue e Igreja, parando no P, não tem erro.
No outro dia ( e lembrem se que estamos facilitando a sua vida e excluindo varias cidades que também merecem ser visitadas numa estadia mais longa ), siga direto para Kintzheim e coloque no GPS, Haut-Koenigbourg Castel, um castelo que você já terá visto pois paira por toda a Alsacia e merece ser visitado.
Totalmente preservado, se prepare para caminhar bastante, ele é enorme e a vista lá de cima é deslumbrante.
Vai ter que parar o carro 1 km antes, na própria estrada ou num pequeno bolsão e subir a pé até lá, mas vale a caminhada.
Depois não deixe de parar em Bergueim, visite a cidade murada e também a vinícola de Marcel Deiss bem na entrada e tenha uma aula de terroir da Alsacia, ele é o grande especialista e inovador da região.
Apenas para lembrar, neste momento você já estará no Alto Reno, viu como a divisão não serve para nada.
Depois vá para Ribeauville ( Casa da Trimbach e um ótimo escritório da Hugel ), Hunawihr e Riquewihr, todas maravilhosas e imperdíveis. O ideal é dividir estas visitas em 2 dias, se tiver tempo.
No 3º dia vá para a parte de baixo de Colmar, em especial para Eguisheim e Turcknheim.
Finalmente, se tiver tempo e quiser tirar nota 10 no trajeto, tente chegar a Guewiller e Than, também para baixo, só que mais longe, com mais alguns grand crus e os vinhos mais modernos da região.
Nada contra o modernismo mas visite nesta ordem, o tradicional e imperdível primeiro, depois você me fala se estava  ou não com a razão.
Para o período definido, é o melhor que você pode fazer.

Hora de partir para o paraíso do mundo dos vinhos para muitos especialistas, a Borgonha, veja nos próximos posts.
Aguarde ...



quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Estrasburgo e Colmar na Alsacia ( O Leste da França Parte IV )





 
Catedral de Estrasburgo
Estrasburgo é uma cidade completa !
Fundada em 12 a.C. para proteger o limite do Império romano no Rio Reno, acabou lucrando com as constantes mudanças de domínio francês e alemão, recebendo embelezamento e melhorias estruturais a cada nova administração.
Me arrisco a colocar Estrasburgo, apesar de ser uma cidade bem menor que as capitais europeias, na lista das cidades que você não pode deixar de visitar estando na Europa.
E não é exagero, tem sua própria cultura, uma mistura de alemão com francês, prédios magníficos com altíssimo índice de conservação, gastronomia de primeiro nível e um comercio multo forte, referencia para a região.
Estrasburgo
O centro turístico da cidade, seguramente, está na sua Catedral, terminada em 1439 e mantida como o edifício mais alto do mundo até 1874 e a igreja mais alta até 1880, quando foi superada pela também maravilhosa catedral de Colônia e até hoje permanece na quarta posição.
O verdadeiro Chucrute. Onde está o Repolho ?
Voltando a cidade, você não precisa se preocupar com carro ou metro, tudo pode e deve ser feito a pé no centro velho, inclusive chegar na cidade, já que a estação central fica a apenas 3 quadras desta região.
Tarte Flambee
O centro velho é um circulo demarcado pelo Rio ILL, tudo que você tem que fazer é caminhar dentro dele.
Todos os prédios são atrações, casas cuidadosamente preservadas e cuidadas, muita flor e detalhes delicados em cada habitação.
Colmar
Na praça Kleber, um centro de compras que inclui Galeria Lafayette, Fnac e outras lojas de marca e na Petit France, uma concentração de charme de seu estilo próprio de arquitetura.
Vitrine de Doces
Dezenas de opções de bares e restaurantes, enfim, você precisa de pelo menos dois dias para caminhar por esta área, mas se puder ficar uma semana, terá muito o que fazer, especialmente se for nos meses que antecedem o Natal ou a Pascoa, ambos muito celebrado na região, com feiras dedicadas a estas datas.
A boa noticia é que neste roteiro, você poderá revê-la na volta, dividindo a visita.
Detalhes das Ruas
Fica a apenas 2 horas e meia do aeroporto de Frankfurt, seja pelas auto estradas francesas ou alemães, sendo assim, um ponto estratégico para a ultima noite da viagem.
E é a partir dela que você começa a desvendar o intrigante e complexo circuito vinícola da região, que será tratado em detalhe no próximo post.
Antes vamos falar de Colmar, o ponto de apoio ideal para você se hospedar e conhecer a região.
Catedral de Colmar
A sugestão neste caso é, após visitar Estrasburgo, se mudar para Colmar por pelo menos 3 dias, conhece-la e usa-la para conhecer as demais cidades e vinícolas da região.
A Alsacia vai de Estrasburgo no norte até Mulhouse no sul e Colmar está quase no meio deste caminho, e especialmente perto das principais áreas de cultivo e produção vitivinícola.
Mais nova que Estrasbrugo, fundada no século IX, era grafada com K no período alemão e foi a ultima cidade a ser liberada do seu domínio na 2ª guerra.
Segue o padrão de beleza e conservação da região.
Na verdade trata-se de uma miniatura de Estrasburgo, cercada pelas Boulevards Champ de Mars, Saint Pierre , Ruas Schwendi, Lest, Nord, Golbery e Kleber, tem inúmeros restaurantes e bares.
Queijos
Não deixe de visitar o Mercado Coberto, a Petit Venise, o Predio da Prefeitura e a Igreja de Saint Mathew.
Enfim,  ande por tudo no perímetro do centro velho e aproveite,  a cada prédio uma surpresa.

Continua ...