sexta-feira, 27 de outubro de 2017

A Alsacia ( O Leste da França, de Norte a Sul - Parte III )


Neste momento você já deve ter decidido quantos dias ficar na região do entorno de Stuttgart e já deve estar chegando na fronteira da Alemanha com a França, por caminhos tortuosos, mas maravilhosos.

O que significa que você também já chegou em Estrasburgo, a primeira ( mais ao norte ) e a maior cidade da Alsacia, visto que ela fica um rio Reno da fronteira com a Alemanha.
Voce sai da Alemanha e só precisa atravessar uma ponte para adentrar a cidade francesa.
A Alsacia, geograficamente, tem comprimento quatro vezes maior que a sua largura, ou seja, é longa e delgada ( como o Chile ) e esta localizada entre o Rio Reno e os Montes Vosges que protegem a região dos ventos, tornando-a bastante seca.
Curiosamente esta dividida em Departamentos denominados Alto e Baixo Reno, até ai nada de novo, só que o baixo fica no alto e o alto fica no baixo, ou, em outras palavras, a parte baixa fica no Norte, na parte alta do mapa, e a parte alta fica no sul, na parte baixa do mapa. Fico claro ?
Esta divisão ajuda a entender no detalhe como se comportam as regiões vinícolas da Alsacia.
Historicamente, e conforme comentei rapidamente no primeiro post desta serie ( caso esteja lendo na sequencia ), é uma região francesa mas de dupla nacionalidade, como aqueles indivíduos que tiram dois passaportes e não sabem o que fazer exatamente com cada um, tudo junto e misturado, como diriam os jovens.
Se fosse um Blog de história teria que descrever cada momento da história que a Alsacia pertenceu ou a Alemanha ou a França, mas como é um blog de Viagens e Vinhos, vou me limitar a dizer que era propriedade dos Habsburgos da Austria até que foi cedida pela primeira vez à França depois da Guerra dos 30 anos em 1648 vindo de uma origem alemã desde os anos 500.
Foi reunificada à Alemanha depois da Guerra Franco-Prussiana de 1870.
Não perca a conta.
Voltou a ser francesa no final da 1ª guerra mundial, pelo Tratado de Versalhes, o que causou muitos transtornos e atritos entre franceses e alemães, assim como exacerbou um sentimento nacionalista na região.
E mudou novamente durante a 2ª guerra mundial, voltando a ser alemã e forçando os alsacianos a se alistarem nas forças alemãs ( e mandados para lutar na frente russa ) e após 1944 com o fim da guerra e a derrota alemã, voltou mais uma vez para o domínio francês, como está até hoje.
Assim, a geografia e a história explicam de forma clara porque a Alsacia é única no mundo, uma região impar, com atrativos exclusivos que você precisa ir até lá para conhecer.
Ela é uma mistura muito bem preparada da cultura alemã ( na origem ) com a francesa, com um toque marcante nacionalista independente, que resultou em cidades muito bem protegidas por muros, diversas torres e castelos, moldadas por uma arquitetura e cultura próprias.
Para ilustrar, você conhece alguma região que tenha uma Cegonha como símbolo ? Aliás, você já viu uma cegonha, sem ser na porta dos quartos das maternidades ?
Pois é, este é o símbolo da Alsacia e é de lá que vem a historia infantil de que eram elas que traziam os bebes e é lá que você vai conseguir ver seus enormes ninhos no teto das igrejas, torres e até nos telhados das casas, apoiados por suportes especiais construídos pelos moradores.
Acredite, se quiser, ou se for para lá.
Tudo isso, significa que você vai precisar de pelo menos 4 dias para deixar a região com a sensação que viu quase tudo mas com uma enorme vontade de voltar.
Menos que isso, não vai dar para dizer que a conheceu realmente nas suas características principais e para realmente aprofundar seu conhecimento reserve pelo menos uma semana, ou melhor ainda, volte outra vez, de preferencia numa estação do ano diferente que você visitou da primeira vez. Trata-se de uma região sazonal, com trajes exclusivos para o Natal e a Pascoa.
Sem nenhum exagero, como deverá ficar bem claro nos próximos posts
Fique conosco !

Continua ...


sexta-feira, 20 de outubro de 2017

O Sudoeste da Alemanha - O Leste da França, de Norte a Sul - Parte II

 


Frankfurt foi a nossa primeira parada e já a descrevemos nos post sobre o Vale do Reno e de Munique, mas vale atualizar alguns pontos importantes.
É uma cidade grande, focada em negócio, palco de grandes feiras internacionais,  mas não deixa de ter seus atrativos turísticos.
Busque o centro velho, com muitos prédios preservados que ainda dão uma ótima ideia de como a cidade evoluiu, mesmo tendo passado pelas duas guerras mundiais.
Tem metrô por toda a cidade, se estiver em um grupo de 2 a 5 pessoas, a melhor opção de bilhete, mesmo que seja apenas uma ida e volta no dia, e’ comprar o bilhete diário que vale para até 5 pessoas ( Euro 16,50 ).
Desça na estação Hauptwache e estará no centro comercial da cidade, é só caminhar pela Avenida calçadão Zeil, que é repleta de lojas. Quando estiver cansado das compras, caminhe algumas quadras pela Neue Krame, uma das perpendiculares da Zeil e vai se deparar com o centro antigo, conhecido como Romerberg.
Ande ao redor e entrara em contato com as casas e edifícios que tem a marca registrada da Alemanha e de Frankfurt.
Não deixe de visitar a igreja de São Bartolomeu ( Kaiserdom St. Bartholommaus ).
Mais duas quadras, na mesma direção, e você vai encontrar o Rio Meno ( Não escrevi errado, é um afluente do Reno, que passa mais para baixo a Sudoeste ) que concentra a vida saudável da cidade, com caminhadas, corridas, pistas de bicicletas, patins e obviamente vários bares e cafés na margem para proporcionar a recuperação dos atletas.
Não dá para não notar que há mais atletas em recuperação do que se exercitando.
Nestas redondezas, se você quiser conhecer a variedade de temperos, queijos, vinhos, frutas a que os alemães e europeus tem acesso regular, procure um mercado escondido entre a Ziegelgasse e a Hasengasse, o Kleinmarkthalle.
É uma diversão a parte.
Como nosso objetivo nesta série é descrever um longo trajeto de 3000 kms, vamos ficar por aqui, com apenas esta pequena introdução da cidade e continuar nossa viagem na direção do Sul da Alemanha.
A sugestão é apontar o seu GPS, Waze ou Google Maps, como queira, para o Castelo de Hohenzollern, são 260 kms ao sul, depois da cidade de Stuttgart.
Pode levar de 2hr30 a 3 horas na estrada mas todo este sacrifício é recompensado antes mesmo de chegar ao destino.
Uns 10 kms antes, você já consegue avistar a fortaleza no alto da montanha, pairando sobre a planície.
E é apenas o começo, é daqueles castelos que te leva de volta a idade média.
Muitíssimo conservado, palco de festas e casamentos, tem uma visitação interna detalhada e ainda é utilizado atualmente pelos seus herdeiros, príncipes alemães, acredite se quiser.
O estacionamento fica a uns dois quilômetros da entrada do castelo e você pode completar o trajeto de duas maneiras : caminhando morro a cima, desaconselhável para sedentários, ou de van, que faz o trajeto de levar e trazer o tempo todo.
Voce vai gastar 2 ou 3 horas para visita-lo, se não for daqueles detalhistas que estudam antes, durante e depois, cada atração.
Em resumo, visita imperdível, sem exagero, as fotos vão falar por si mesmas.
Vale a lembrança que nas estradas principais da Alemanha, chamadas de Autoban, a pista de velocidade, normalmente a 3ª pista, a do canteiro central, não tem velocidade máxima definida, o que significa, que passam naturalmente por ela os velozes carros alemães a 180 ou 200 km por hora, ou seja, fica a dica em você permanecer sempre na 2ª pista e quando for ultrapassar observe com muito cuidado se não tem ninguém vindo a bastante distancia, pois eles chegam bem rápido na sua retaguarda.
Nesta região, você ainda tem duas atrações significativas, sem considerar a própria cidade de Stuttgart, não incluída neste roteiro.
A primeira, na mesma linha da anterior, outra propriedade da realiza alemã, distante 90 kms, o Palacio de Ludwigsburg, na cidade de mesmo nome.
O maior palácio barroco da Alemanha, um jardim frontal externo fenomenal e uma das mais suntuosas cortes da Europa na sua época, e que incrivelmente passou ileso pela segunda guerra mundial.
Deu para entender ? É também imperdível apesar de ser um Palácio e não propriamente um Castelo.
A segunda atração, a apenas 40 kms do Castelo de Hohenzolern, é especial para brasileiros que adoram compras !
Não se trata de um Outlet apenas, trata-se de um Outletcity, como é denominado na cidade de Metzingen e é verdade, não tem o formato tradicional dos outlets americanos, ele está integrado na cidade e suas lojas ficam espalhadas por vários quarteirões normais.
Tem toda a estrutura necessária para um dia inteiro de compras, caso tenha interesse, e abriga as principais marcas que já estamos acostumados dos outlets americanos.
A principal diferença, infelizmente, é que o preço é em Euro, ou seja, não se compara com os preços agressivos dos americanos, mas vale a visita, você poderá encontrar boas ofertas, os preços são, comprovadamente mais baixos que nas lojas normais da Alemanha ou mesmo da França e também podem encontrar algumas marcas, exclusivamente europeias, o que pode ser bom ou ruim, dependendo do gosto de cada um.
Assim, você já tem dados para tomar suas primeiras decisões deste roteiro, gasta um, dois ou três dias na região ? Eis a questão !
Onde se hospedar ?
Pode ser na grande Stuttgart ou em qualquer pequeno hotel ou pousada das pequenas cidades da região.
Fica a seu critério.
Para ajuda-lo, precisamos comentar que a distancia até Estrasburgo, a nossa primeira cidade alsaciana fica a 120 kms de distancia.
Contudo, temos uma noticia boa e um ruim.
A boa é que o caminho já é uma atração por si só.
Voce ira cruzar pequenas cidades muito bonitas, típicas da região e da Alemanha.
Atravessará trechos excepcionais de florestas e uma topografia variada de altos e baixos que fará a viagem ser muito leve.
A ruim é que nestes 120 kms você poderão levar mais de 2 horas, justamente pelos seus encantos, velocidade reduzida na travessia das cidades, circuitos sinuosos nos trechos de altos e baixos, ou ainda, descobrir que o atalho indicado pelo Google não tinha saída por ter uma ponte quebrada no meio do caminho e ter que retornar por 15 kms até o ponto de entrada.
Mas se quer a minha opinião, mesmo com as dificuldades, não teria duvida alguma em faze-lo novamente, vale o investimento.
Ficamos por aqui e no próximo post começamos a desbravar a Alsacia.

Continua ...   




sábado, 14 de outubro de 2017

De Frankfurt a Marselha - O Leste da França de Norte a Sul - Parte I


Se você acompanha o nosso Blog, já deve ter lido sobre o Roteiro de Madri a Paris, publicado anteriormente.Estes trecho também poderia ter sido intitulado, Oeste da França de Sul ao Norte, pois é exatamente isso que fizemos, a partir da divisa com a Espanha, viajamos toda a costa Oeste até chegar a Paris.
Os mais exigentes já devem estar pensando : mas o Norte não acaba em Paris ! 
Sem duvida, tem muita coisa a ser vista até chegar ao Canal da Mancha mas é uma forma didática de gravar a localização do roteiro.
Desta vez, vamos cometer o mesmo pecado, talvez um pouco menor que da costa Oeste mas nossa proposta foi viajar pela costa Leste da França, de cabo a rabo, do Norte ao Sul, começando pela Alsacia ( que não é o começo, este é o pecado de hoje ), com todos os encantos de região com dupla nacionalidade ( não entendeu a brincadeira, aguarde mais algumas postagens e vai entender muito bem, com muita riqueza de detalhes, e seguramente vai concordar comigo ), passando pela região da Borgonha, que não se limita a produzir os melhores ( nem todo mundo concorda ) e mais caros vinhos do mundo ( isso é inquestionável, se quiser comprovar, procura um Romanée Conti para comprar ), pela região da Cote do Rhone, da Provença, chegando no litoral sul francês, na região portuária de Marselha, exatamente por onde a França foi formada ( e aqui sim, realmente no Sul ).
Se esta proposta já tem atração suficiente para você, me permita complementar que, ainda dá para conhecer a costa oeste da Suiça, se não quiser aprofundar a viagem para o centro e também, se aventurar no sul da Alemanha.
Esta é a proposta desta série de posts, que cobre, somente em trechos puros de estrada, 2600 kms e seguramente com os passeios no entorno das principais cidades, seguramente você viajará mais de 3000. 
No nosso caso, foram 3300 para ser exato, atestados pela locadora.
Naturamente existem diversas formas de iniciar este trajeto mas vou me ater aqui a apenas duas, uma realizada por um amigo, que achei bastante interessante ( obrigado Alvaro Luccas pelas dicas, muito do que descreverei aqui nesta série, tem a sua orientação precisa ) e a que nós fizemos.
A interessante, é você chegar diretamente a Paris, escolher ficar alguns dias na cidade, seja no ida ou na volta, ou nas duas, dependendo da sua paixão pela cidade das luzes e seguir viagem de TGV, o trem de alta velocidade francês, diretamente para Estrasburgo.
Em menos de 3 horas você já estará fazendo check-in na primeira cidade da Alsacia e iniciando seu roteiro. 
Nem vai precisar pegar o carro neste primeiro momento, da para percorrer toda a parte turística de Estrasburgo a pé, claro, dependendo de onde ficar o seu hotel. 
Esta é a parte interessante do roteiro, chega de forma rápida a Estrasburgo, não precisa pegar carro na chegada em Paris e pode visita-la por alguns dias.
No nosso caso optamos por outro formato, chegamos por Frankfurt, dedicamos tempo para visitar a cidade ( não tão turística como outras cidades europeias, vamos comentar no próximo post ), pegamos  o carro na locadora e descemos para o Sul da Alemanha, que na verdade era o nosso maior interesse, visto que era uma região que não conhecíamos e tem varias atrações, também descritas a seguir.
E antes de começarmos a nos aprofundar, vale um comentário estrutural, é fundamental para fazer um roteiro detalhado como este, que envolve varias destinos, varias cidades, vários hotéis, várias estradas e especialmente vários pontos turísticos, você levar, comprar um GPS ou alugar um carro equipado com ele, ou ainda, comprar um chip de uma operadora local para ter acesso ao seu celular em real time e usa-lo como GPS. 
São muitos detalhes e especialmente alguns grandes desafios quando trafega pelo centro antigo da maioria das cidades, com suas ruas estreitas e na maioria das vezes bloqueadas para os automóveis, que este investimento, seja do GPS ou do Chip se paga em 2 dias de viagem.
Os mais jovens vão dizer, como vocês faziam estas viagens sem o GPS, apenas com os fatídicos mapas de papel ?
Na verdade não sei a resposta, viajei muito com estes mapas, alias adoro coleciona-los e os tenho até hoje e também, consultei muito o famoso compendio de mapas das ruas da cidade de São Paulo, isso mesmo, aquele livro enorme que não cabia no porta-luvas, mas sinceramente não me lembro como conseguimos atingir os nossos destinos de forma precisa, aliás nem sei como seria dirigir em São Paulo sem o Waze, nos dias de hoje.
Enfim, voltando ao tema principal, se você quiser conhecer destinos muito interessantes que não necessariamente estão nos roteiros das agencias de viagem e principalmente, quer aliar suas férias com regiões vinícolas de primeira grandeza, venha conosco nesta série, pois podemos te garantir que dificilmente você conseguirá outro no mesmo nível.

Continua ...