terça-feira, 21 de abril de 2015

Post Especial - Portugal em Campinas Abril 2015






































Por ocasião da Expovinis, as Associações Internacionais de Vinho desembarcam no Brasil e promovem vários eventos paralelos.
Rui Falcão
Um destes se realizou ontem no Hotel Victoria em Campinas.
O Evento Portugal em Campinas, promovido pela CAP, uma Associação dos Agricultores de Portugal ( não apenas relacionada com a Viticultura ), trouxe quatorze vinícolas para apresentar seus produtos.
Muitas, ainda , sem importadores no Brasil.
Mas o grande embaixador do evento, sem duvida, foi Rui Falcão, renomado critico de vinhos, que publica um guia anual especializado nos vinhos portugueses, escreve para diversas revistas e esta sempre entre os jurados de concursos internacionais.
No evento, ele dirigiu duas degustações comentadas, a primeira sobre Grandes Vinhos de Portugal e a segunda sobre os vinhos do Porto e do Douro.
Tive a oportunidade de participar da primeira, onde o foco foi apresentar para o publico do Brasil, vinhos de primeira linha mas pouco conhecidos e produzidos com uvas não usuais.
Portugal oficialmente tem mais de 250 uvas autóctones e disputa com a Itália o titulo de maior numero de uvas nativas.
Como não existe um levantamento completo em nenhum dos dois países, o titulo fica flutuando entre ambos.
Mas o que é certo, é que tanto Portugal quanto a Itália estão trabalhando na direção de definir os verdadeiros terroirs de cada uma das suas uvas originais.
Neste evento, foram apresentados 7 vinhos, 5 brancos e 2 tintos, começando por um branco do Alentejo, produzido por uma cooperativa ( da Vidigueira ), que diferente do usual, em Portugal, as cooperativas conseguem produzir vinhos de alta qualidade, utilizando a uva Antão Vaz , exclusiva e a mais importante branca da região.
Uva muito aromática, vinho sem madeira que traz a untuosidade da própria uva.
Harmonizado e refrescante.
O segundo, um representante da região dos Vinhos Verdes, extremo norte de Portugal, que sofrem com um certo preconceito no Brasil, primeiro pelo nome já que a região ganhou o adjetivo de Verde, por ter muita chuva e portanto sua vegetação está sempre exuberante, nunca seca amarelada.
No Brasil, a primeira impressão é que o vinho foi feito com uvas ainda não maduras, o que é um mito.
O outro problema, é que aqui, nos acostumamos com os vinhos verdes de grande volume e pouca qualidade, que recebem injeção de gás, ficando ligeiramente frisante mas na verdade, os vinhos verdes de qualidade, são produzidos no padrão internacional e não recebem gás algum.
A característica marcante, pela região ser chuvosa e portanto não tão quente, produzir uvas menos doces, é portanto de vinhos menos alcoólicos, mas de acidez e frescor inigualáveis.
Este exemplar, o Casa do Valle Grande Escolha, é um blend de Alvarinho, Loureiro e as vezes Trajadura, que passa por madeira, trazendo aromas de Abacaxi, leve Maracujá e Baunilha.
Muito untuoso, equilibrado e persistente.
No mesmo padrão de produção, estava o quarto vinho ( já voltamos para o terceiro ), o QM ( de Quintas do Melgaço, uma vinícola recente ) varietal de Alvarinho, neste caso sem madeira, trazendo os mesmos aromas de Abacaxi e Maracuja, mas obviamente sem a Baunilha neste caso.
A curiosidade deste vinho é que o primeiro ataque na boca é doce, mas que logo na sequencia assume sua própria personalidade, seca e equilibrada.
A uva Alvarinho, mesmo branca, produz vinhos de muita guarda, podendo descansar 30 a 40 anos na garrafa.
Voltando a sequencia de apresentação, o terceiro exemplar, também veio da região norte de Portugal, mas de Traz dos Montes, longe da influencia do mar e bem mais fria.
Um vinho que passa por madeira e traz os aromas de Pêssego e Pera madura, assim como Baunilha e Coco.
Amanteigado, untuoso, vinho com grande estrutura e suavidade ao mesmo tempo.
O quinto e ultimo branco, também traz uma uva pouco conhecida, a Encruzado, a que da mais longevidades aos seus vinhos , podendo, acredite se quiser, serem guardados, dependendo da qualidade da safra, por 90 anos !!
Os aromas não são tão ricos e presentes, lembra Pera especialmente.
Untuoso, com ótima acidez e chega a apresentar certo tanino, isso mesmo, vinho branco tânico, por isso é uma uva especial.
Também traz ligeiro amargor, um vinho muito gastronômico, como a maioria dos vinhos portugueses.
O primeiro exemplar tinto é da Quinta do Margarido, isso mesmo, tudo no masculino, da região do Dão, Central de Portugal.
Hugo Cabral da Sogevinus
Um corte de Touriga Nacional, Afrouxeiro e Tinta Roriz ( a mesma Tempranillo, rainha da Espanha ).
Aromas florais de Violetas e Chá Preto , trazido da Touriga e Morango, trazido da Afroxeiro.
Vinho leve, gastronômico e bem tânico.
Por ultimo, mas não menos importante, pelo contrario, um grande exemplar, um varietal de Touriga Nacional da Casa de Santa Vitória.
Aroma marcante de ameixas, muita estrutura com  taninos aveludados e longo final.
Após esta magnifica seleção de vinhos, ainda havia no andar de baixo a degustação detalhada de cada uma das 14 vinícolas participantes, variadas opções.
Me chamou a atenção a Quinta de Santa Julia, da região do Douro, apresentando seus vinhos mais novos, de 2003 e 2005, ou seja, comercializam seus vinhos a partir de 10 anos de idade, na linha de algumas vinícolas espanholas.
Uma explosão de aromas e sabores, nas suas amostras, vale conhecer.
A Gran Cruz, de Vila Nova da Guaia, vizinha do Porto, trouxe sua linha do Dalva e do Cruz, com destaque aos exemplares de Vinho do Porto Branco de 1963 e 1971, excelentes safras.
Outro grande representante dos vinhos do Porto presente, foi a Sogevinus, com as marcas Kopke e Barros ( tambem tem a Calem e a Burmester ).
Com destaque para o Kopke Branco e para o Barros 20 anos.
Enfim, um evento profissional, muito bem organizado que nos trouxe mais uma dimensão dos vinhos portugueses.

Saude !! 

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