Por ocasião da Expovinis, as
Associações Internacionais de Vinho desembarcam no Brasil e promovem vários
eventos paralelos.
Rui Falcão |
Um destes se realizou ontem no Hotel
Victoria em Campinas.
O Evento Portugal em Campinas, promovido
pela CAP, uma Associação dos Agricultores de Portugal ( não apenas relacionada
com a Viticultura ), trouxe quatorze vinícolas para apresentar seus produtos.
Muitas, ainda , sem importadores no
Brasil.
Mas o grande embaixador do evento, sem
duvida, foi Rui Falcão, renomado critico de vinhos, que publica um guia anual
especializado nos vinhos portugueses, escreve para diversas revistas e esta
sempre entre os jurados de concursos internacionais.
No evento, ele dirigiu duas degustações
comentadas, a primeira sobre Grandes Vinhos de Portugal e a segunda sobre os
vinhos do Porto e do Douro.
Tive a oportunidade de participar da
primeira, onde o foco foi apresentar para o publico do Brasil, vinhos de
primeira linha mas pouco conhecidos e produzidos com uvas não usuais.
Portugal oficialmente tem mais de 250
uvas autóctones e disputa com a Itália o titulo de maior numero de uvas
nativas.
Como não existe um levantamento completo
em nenhum dos dois países, o titulo fica flutuando entre ambos.
Mas o que é certo, é que tanto Portugal
quanto a Itália estão trabalhando na direção de definir os verdadeiros terroirs de
cada uma das suas uvas originais.
Neste evento, foram apresentados 7
vinhos, 5 brancos e 2 tintos, começando por um branco do Alentejo, produzido
por uma cooperativa ( da Vidigueira ),
que diferente do usual, em Portugal, as cooperativas conseguem produzir vinhos
de alta qualidade, utilizando a uva Antão Vaz , exclusiva e a mais importante
branca da região.
Uva muito aromática, vinho sem madeira
que traz a untuosidade da própria uva.
Harmonizado e refrescante.
O segundo, um representante da região dos
Vinhos Verdes, extremo norte de Portugal, que sofrem com um certo preconceito
no Brasil, primeiro pelo nome já que a região ganhou o adjetivo de Verde, por
ter muita chuva e portanto sua vegetação está sempre exuberante, nunca seca
amarelada.
No Brasil, a primeira impressão é que o
vinho foi feito com uvas ainda não maduras, o que é um mito.
O outro problema, é que aqui, nos
acostumamos com os vinhos verdes de grande volume e pouca qualidade, que
recebem injeção de gás, ficando ligeiramente frisante mas na verdade, os vinhos
verdes de qualidade, são produzidos no padrão internacional e não recebem gás
algum.
A característica marcante, pela região
ser chuvosa e portanto não tão quente, produzir uvas menos doces, é portanto de
vinhos menos alcoólicos, mas de acidez e frescor inigualáveis.
Este exemplar, o Casa do Valle Grande
Escolha, é um blend de
Alvarinho, Loureiro e as vezes Trajadura, que passa por madeira, trazendo aromas
de Abacaxi, leve Maracujá e Baunilha.
Muito untuoso, equilibrado e persistente.
No mesmo padrão de produção, estava o
quarto vinho ( já já
voltamos para o terceiro ), o QM ( de Quintas do Melgaço, uma vinícola recente
) varietal de
Alvarinho, neste caso sem madeira, trazendo os mesmos aromas de Abacaxi e Maracuja, mas
obviamente sem a Baunilha neste caso.
A curiosidade deste vinho é que o
primeiro ataque na boca é doce, mas que logo na sequencia assume sua própria
personalidade, seca e equilibrada.
A uva Alvarinho, mesmo branca, produz
vinhos de muita guarda, podendo descansar 30 a 40 anos na garrafa.
Voltando a sequencia de apresentação, o
terceiro exemplar, também veio da região norte de Portugal, mas de Traz dos
Montes, longe da influencia do mar e bem mais fria.
Um vinho que passa por madeira e traz os
aromas de Pêssego e Pera madura, assim como Baunilha e Coco.
Amanteigado, untuoso, vinho com grande
estrutura e suavidade ao mesmo tempo.
O quinto e ultimo branco, também traz uma
uva pouco conhecida, a Encruzado, a que da mais longevidades aos seus vinhos ,
podendo, acredite se quiser, serem guardados, dependendo da qualidade da safra,
por 90 anos !!
Os aromas não são tão ricos e presentes,
lembra Pera especialmente.
Untuoso, com ótima acidez e chega a
apresentar certo tanino, isso mesmo, vinho branco tânico, por isso é uma uva
especial.
O primeiro exemplar tinto é da Quinta do
Margarido, isso mesmo, tudo no masculino, da região do Dão, Central de
Portugal.
Hugo Cabral da Sogevinus |
Um corte de Touriga
Nacional, Afrouxeiro e
Tinta Roriz ( a mesma Tempranillo,
rainha da Espanha ).
Aromas florais de Violetas e Chá Preto ,
trazido da Touriga e
Morango, trazido da Afroxeiro.
Vinho leve, gastronômico e bem tânico.
Por ultimo, mas não menos importante,
pelo contrario, um grande exemplar, um varietal de Touriga Nacional da Casa de Santa Vitória.
Aroma marcante de ameixas, muita
estrutura com taninos aveludados e longo
final.
Após esta magnifica seleção de vinhos,
ainda havia no andar de baixo a degustação detalhada de cada uma das 14
vinícolas participantes, variadas opções.
Me chamou a atenção a Quinta de Santa
Julia, da região do Douro, apresentando seus vinhos mais novos, de 2003 e 2005,
ou seja, comercializam seus vinhos a partir de 10 anos de idade, na linha de
algumas vinícolas espanholas.
Uma explosão de aromas e sabores, nas
suas amostras, vale conhecer.
A Gran Cruz, de Vila Nova da Guaia, vizinha do
Porto, trouxe sua linha do Dalva e do Cruz, com destaque aos exemplares de
Vinho do Porto Branco de 1963 e 1971, excelentes safras.
Outro grande representante dos vinhos do
Porto presente, foi a Sogevinus, com
as marcas Kopke e
Barros ( tambem tem
a Calem e a Burmester ).
Com destaque para o Kopke
Branco e para o Barros 20 anos.
Enfim, um evento profissional, muito bem
organizado que nos trouxe mais uma dimensão dos vinhos portugueses.
Saude !!
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